Maria da Conceição chorou na TV em 1986 ao falar do Plano Cruzado

Professora universitária das mais destacadas, Maria da Conceição Tavares, morta neste sábado (8), ganhou notoriedade fora dos meios acadêmicos na década de 1980 ao chorar na implementação do Plano Cruzado.

O Brasil enfrentava hiperinflação e o programa era uma tentativa de conter a alta dos preços. Não deu certo.

O que aconteceu

Maria da Conceição teve grande influência no Plano Cruzado, implementado em 28 de fevereiro pelo então presidente José Sarney (PMDB). Ela concedeu entrevista em março, na TV Globo, e foi dominada pela emoção quando comentou os efeitos positivos que o controle da inflação traria aos mais pobres.

Anos mais tarde, a professora contou que passou noites em claro auxiliando o esforço para conceber o pacote econômico. Explicou que estava comovida porque a base do Plano Cruzado era preservar o poder de compra de trabalhador assalariado.

Naquele período, a inflação no Brasil era estratosférica. A taxa anual de janeiro e fevereiro de 1986, meses que precederam o lançamento do pacote econômico, atingiu 517% de acordo com o índice geral de preços da Fundação Getúlio Vargas.

A mudança proposta pelo pacote econômico era tão grande que o país trocou o nome da moeda. Abandonou o cruzeiro e adotou o cruzado, o que explica o nome do pacote econômico.

O plano apostava no congelamento dos preços e não funcionou. No primeiro trimestre de 1987 a inflação estava em 337% conforme a Fundação Getúlio Vargas.

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Maria da Conceição atribuiu o fracasso ao comércio ser, em suas palavras, um oligopólio. A consequência da falta de competição foi as empresas não manterem os preços congelados, uma premissa do Plano Cruzado.

Na época, a professora era uma das principais conselheiras econômicas do PMDB. Na década de 1980, o partido estava fortalecido por comandar o enfrentamento à ditadura e tinha Ulysses Guimarães como liderança.

Maria da Conceição foi pioneira no desenvolvimentismo no Brasil. Durante toda sua trajetória, a professora defendeu que o estado tem papel na promoção do crescimento econômico.

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