Marielle: PSOL elogia decisão do STF e diz que luta por Justiça continua
A presidente do PSOL, Paula Coradi, disse que a atuação do Supremo Tribunal Federal, que tornou réus os acusados do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foi fundamental para solucionar o caso. "Não fosse a atuação do Supremo, poderíamos ficar sem respostas", afirmou.
O que aconteceu
A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta terça (18), por unanimidade, tornar réus cinco suspeitos de envolvimento no crime ocorrido em 2018. Entre os réus estão os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão.
A direção do PSOL, partido de Marielle Franco, afirmou que o STF deu hoje mais um passo para solucionar o assassinato. "Não fosse a atuação do Supremo, poderíamos ficar sem respostas, dada a atuação agentes do Estado para encobrir um crime bárbaro e covarde em conluio com as milícias, numa mostra que milicianos têm tentáculos em diferentes esferas de poder no Rio de Janeiro".
Seguimos na luta por Justiça até que os responsáveis sejam julgados e condenados junto da sociedade brasileira, que aguarda a resolução de um crime que foi notícia em todo o mundo. Seguimos na luta por justiça para Marielle e Anderson
Paula Coradi, presidente nacional do PSOL
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, também comemorou a decisão. "Um dia muito esperado pela nossa família e pela sociedade brasileira durante esses anos", escreveu nas redes sociais.
A Primeira Turma é composta por 5 dos 11 ministros do STF. No ano passado, a corte decidiu que todas as denúncias do caso Marielle apresentadas no Supremo seriam julgadas pelas turmas, e não pelo plenário. Moraes foi o primeiro a votar e foi acompanhado integralmente pelos outros quatro ministros do colegiado: Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Cármen Lúcia.
O relator reforçou que não se trata de julgar os acusados no mérito - se cometeram crime ou não -, mas sim acatar a denúncia. A partir dela é que se vai dar sequência às investigações.
O que diz a denúncia
As investigações apontam relação dos irmãos Brazão com a milícia e interesse em terrenos. A denúncia aponta que os Brazão, um importante clã da política fluminense, formaram alianças com diferentes grupos milicianos do Rio de Janeiro que atuam nas regiões de Jacarepaguá, Rio das Pedras e Oswaldo Cruz desde 2000.
O objetivo dos irmãos, segundo a PGR seria criar redutos eleitorais e explorar atividades imobiliárias ilegalmente, por meio de grilagem e contando com apoio de milicianos. Com a atuação de Marielle na Câmara de Vereadores no Rio, porém, os irmãos ficaram irritados e teriam decidido matar a vereadora.
O delegado Rivaldo Barbosa teria prometido atrapalhar investigações. Para planejar o crime, segundo a denúncia, os irmãos teriam procurado Barbosa, que virou chefe da Polícia Civil na véspera do assassinato e teria prometido atuar para que a polícia nunca chegasse aos mandantes.
O Major Ronald é acusado de ser um dos responsáveis por monitorar a rotina de Marielle antes da execução do homicídio. Ele também é acusado de ser um dos principais milicianos na região do Rio das Pedras, na zona oeste do Rio. Já Calixto da Fonseca, que era assessor de Domingos Brazão em 2018, seria responsável por gerir os negócios imobiliários irregulares dos irmãos Brazão.
Lessa disse que Brasão propuseram "sociedade"
A investigação se arrastou por anos e foi retomada após a eleição de Lula (PT), por ordem do então ministro da Justiça Flávio Dino. A PF (Polícia Federal) fechou um acordo de colaboração premiada com Ronnie Lessa, o ex-PM que confessou ter executado o assassinato.
A defesa de Rivaldo Barbosa chegou a pedir que Dino se declare impedido, o que foi rejeitado por Alexandre de Moraes. Os defensores alegam que o ministro do STF não poderia participar da votação justamente por comandar o Ministério da Justiça no período em que investigação foi retomada pela PF. A gestão de Dino tinha como uma das prioridades a resolução do caso, que era uma promessa de campanha de Lula.
Newsletter
PRA COMEÇAR O DIA
Comece o dia bem informado sobre os fatos mais importantes do momento. Edição diária de segunda a sexta.
Quero receberNa delação, Lessa afirmou que receberia US$ 10 milhões pelo assassinato, além de passar a ter o comando de uma nova milícia em Jacarepaguá. Segundo ele, a exploração do negócio criminoso renderia mais de US$ 20 milhões. "Na verdade, eu não fui contratado para matar Marielle, como um assassino de aluguel. Eu fui chamado para uma sociedade."
O ex-PM contou que ficou impactado com a proposta dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão. Segundo ele, os lotes foram oferecidos também ao ex-PM Edimilson de Oliveira, o Macalé. "Era muito dinheiro envolvido. Ninguém recebe uma proposta de receber US$ 10 milhões simplesmente para matar uma pessoa. Uma coisa impactante realmente", afirmou na delação.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.