Carlos Bolsonaro: MP apura saque de R$ 60 mil para comprar imóvel, diz site
O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) investiga um saque de R$ 60 mil feito pelo vereador Carlos Bolsonaro (PL) de um cofre dele no Banco do Brasil para a compra de um imóvel em Copacabana. A informação é do site ICL Notícias.
O que aconteceu
Em 2009, Carlos Bolsonaro sacou R$ 60 mil, menos de três horas antes de comprar um apartamento. O saque, segundo o MP-RJ, foi feito em 20 março de 2009. Na sequência, o dinheiro vivo foi depositado, na boca do caixa, em uma conta em nome do vereador no próprio Banco do Brasil. Os detalhes sobre essas movimentações foram informados aos investigadores pelo banco e estão em um laudo do MP-RJ de agosto de 2023, obtido pelos jornalistas Juliana Dal Piva e Igor Mello, do ICL Notícias.
Vereador comprou imóvel em Copacabana por R$ 70 mil, valor bem abaixo do mercado. O MP-RJ diz que, à época, o imóvel era avaliado em R$ 236 mil pela Prefeitura do Rio. A compra foi feita via transferência bancária, segundo a apuração dos investigadores citada pelo ICL.
Dias antes da compra, Carlos também recebeu depósitos que somam mais de R$ 40 mil. O primeiro depósito, de R$ 10 mil, teria sido feito dias antes da compra do apartamento. O segundo, de R$ 31.687,05, foi no dia 20, mesma data da compra. O MP-RJ, porém, não sabe de onde vieram esses outros dois depósitos.
Cofre de onde vereador fez saque ficava a 500 metros de agência do Banco do Brasil. Os dois locais são vizinhos à Câmara Municipal do Rio, onde Carlos exerce seu mandato. O vereador teve o cofre até outubro de 2016. Reportagem da Folha de S.Paulo, publicada em 2020, mostra que Carlos não declarou à Justiça Eleitoral os bens que tinha no cofre em 2008 — naquele ano, ele concorria à reeleição na Câmara do Rio.
A defesa de Carlos Bolsonaro não se manifestou. O UOL entrou em contato com o advogado do vereador, mas ainda não obteve retorno. Em caso de manifestação, este texto será atualizado. O UOL também procurou a assessoria do MP-RJ por e-mail e aguardar um retorno.
Plano de saúde de Carlos não foi pago por ele, diz MP
Relatório do MP-RJ aponta que por nove anos o vereador só pagou um boleto do seu plano. O único pagamento teria sido feito em dezembro de 2014 à empresa Qualicorp, no valor de R$ 545,97, vindo de uma conta bancária no nome de Carlos. Segundo o ICL, a investigação do MP mostra que o vereador teve contrato com a Qualicorp entre 2011 e 2015, e com a Unimed, entre 2015 e 2020.
Investigadores veem indícios de desvio de dinheiro público em esquema de rachadinha. Segundo reportagem do ICL, peritos do MP suspeitam da prática de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no gabinete do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pediram análise dos dados. Quebra de sigilo fiscal e bancário de Carlos teria sido solicitada, assim como dos assessores dele entre 2005 e 2021. Ainda de acordo com o ICL, o pedido foi autorizado pelo TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro).
Chefe de gabinete pagava despesas de Carlos
Assessor pagou faturas de cartão de crédito, plano de saúde, impostos e multas de trânsito. Os pagamentos foram identificados entre 2012 e 2019. As quitações eram feitas por Jorge Luiz Fernandes — nos oito anos, foram ao menos 23 pagamentos, segundo o MP. Os investigadores dizem que chagaram a esse número fazendo uma análise amostral, o que significa que o número pode ser maior.
Pagamentos de contas feitos por chefe de gabinete somam R$ 27.929,66. Fernandes é investigado por ter recebido, em sua conta, pouco mais de R$ 2 milhões de seis outras pessoas nomeadas por Carlos na Câmara. Em dezembro de 2011, Fernandes também recebeu uma transferência do vereador no valor de R$ 8 mil, conforme a reportagem do ICL Notícias.
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