PF: 'Abin paralela' fez dossiês após Moraes incluir Bolsonaro em inquérito

A Abin paralela estruturada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) produziu vários dossiês contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes no mesmo período em que ele determinou a inclusão do ex-presidente no inquérito das fake news que tramita no Supremo Tribunal Federal.

O que aconteceu

Representação da Polícia Federal detalha modus operandi de grupo e aponta a coincidência das datas. Operação que investiga a estrutura paralela de inteligência reuniu novos diálogos entre os envolvidos que mostram que eles tentaram vincular o ministro do STF a um policial corrupto e também produziram vários dossiês contra o ministro.

PF encontrou conversas entre os investigados que mostram que dossiês envolvendo o ministro do STF foram compartilhados entre eles no mesmo dia que Jair Bolsonaro foi incluído no inquérito das fake news. Mensagem de 21 de agosto de 2021 foi citada no pedido da PF que embasou a operação deflagrada hoje.

Os dossiês foram compartilhados por Giancarlo Rodrigues, um militar que estava cedido à Abin, com Marcelo Bormevet, agente da PF levado à Abin por Ramagem. Durante a gestão Ramagem, Bormevet atuou no Centro de Inteligência Nacional, uma das áreas mais importantes da Abin e que conta tecnologias e softwares para espionagem e levantamento de informações.

Os dois foram presos nesta quinta-feira na quarta fase da Operação Última Milha

O dossiê produto da ação ilícita foi encontrado em dispositivo de armazenamento com o nome: "Alexandre x Nico.docx" com metadado de criação de 18/06/2020 data da interlocução dos investigados. O dossiê produto da estrutura paralela apresenta fotos do Exmo. Ministro Alexandre de Moraes para tentar vinculá-lo ao delegado Osvaldo Nico Gonçalves (delegado da Polícia Civil investigado por corrupção). trecho do relatório da Polícia Federal

A tentativa de associar o Exmo. Ministro ALEXANDRE DE MORAES a determinada pessoa com o fito de difundir desinformação e atingir o poder judiciário não foi a única ação clandestina realizada pela estrutura paralela da ABIN. O sr. GIANCARLO encaminhou para BORMEVET outros dossiês no dia 20/08/2021 relacionado ao Exmo. Ministro ALEXANDRE DE MORAES. trecho do relatório da PF

As informações disponíveis em fontes abertas indicam que em período compatível com as ações clandestinas relacionadas ao Exmo. Ministro Relator ALEXANDRE DE MORAES o então Presidente da República foi incluído no inquérito das "FAKE NEWS" em razão de ataques direcionados à credibilidade do sistema eleitoral. trecho do relatório da PF

Moraes cita "interesses políticos". Na decisão que autorizou a operação de hoje, o ministro afirma que os novos elementos trazidos pela investigação mostra que o monitoramento de autoridades dos Três Poderes tinha como objetivo atender aos interesses políticos do grupo criminoso, que seria liderado por Bolsonaro.

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