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Josias: Bolsonaro devolveu Abin ao submundo da época do regime militar

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) devolveu a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) ao submundo da época do regime militar, disse o colunista Josias de Souza no UOL News da manhã desta quinta-feira (11).

Foco de uma operação da Polícia Federal, o chamado "gabinete do ódio" —que teria operado no governo Bolsonaro— é alvo de investigações que correm no STF (Supremo Tribunal Federal) há mais de cinco anos.

É um vexame saber que a engrenagem de inteligência da República foi utilizada para espionar personagens que Bolsonaro julgou que mereciam ser bisbilhotados. Ele inclui aqueles que enxergava como inimigos e, também, pseudo aliados para testar a lealdade. Aparece Arthur Lira, que manteve na gaveta mais de 140 impeachment contra Bolsonaro.

É muito triste saber que a República brasileira foi submetida a um período de tamanha desqualificação. Os quatro anos da presidência de Bolsonaro mergulharam o Brasil em uma sarjeta que o país imaginava não experimentar mais. Tivemos esse aspecto ditatorial da utilização de um sistema de inteligência para prover o presidente de informações para que ele tomasse suas altas decisões.

Esse serviço estava submetido à visão ditatorial de Bolsonaro, que devolveu a Abin ao submundo da época do regime militar, quando esse serviço atendia pelo nome de Serviço Nacional de Informações e bisbilhotava a vida de brasileiros sem autorização judicial.

'Gabinete do ódio'

A PF cumpre hoje 5 mandados de prisão contra pessoas ligadas ao "gabinete do ódio". As investigações apontam que esse grupo, composto por assessores de comunicação do clã Bolsonaro, recebeu ajuda clandestina de membros da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para divulgar notícias falsas sobre membros dos Três Poderes e jornalistas.

O "gabinete do ódio" teria funcionado desde a campanha de Bolsonaro à Presidência, em 2018. A expressão, que veio a público no ano seguinte, ficou conhecida durante a CPMI das Fake News. A ex-deputada Joice Hasselmann (Podemos-SP), já rompida com Bolsonaro à época, afirmou em depoimento que o Planalto tinha uma estrutura de comunicação para atacar opositores na internet.

Três inquéritos no STF tratam do "gabinete do ódio", mas nenhum resultou em processos criminais até o momento. A atuação do grupo é investigada desde 2019, no chamado inquérito das fake news, e também já foi alvo nos inquéritos dos atos antidemocráticos e no das milícias digitais. Nenhuma dessas investigações foi encerrada até agora.

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As investigações sobre o "gabinete do ódio" correm no Supremo há mais de 5 anos. O inquérito das fake news, que abriga a operação da PF deflagrada hoje, está em andamento e segue em sigilo desde março de 2019, o que é alvo de críticas da oposição.

O sigilo da operação de hoje, porém, foi retirado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. A investigação revela que a estrutura paralela da Abin monitorou ministros do STF, políticos, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ex-governador de São Paulo, João Doria, e jornalistas como Mônica Bergamo e Vera Magalhães.

Membros do suposto gabinete do ódio também foram investigados na CPI dos atos de 8 de janeiro. O principal deles, o ex-assessor do Planalto Tercio Arnaud Tomaz, não é alvo da operação de hoje, mas outros nomes que também faziam parte da estrutura da Presidência sofreram buscas e apreensões.

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