Reinaldo: Que não se repita "privataria" à moda Sabesp, com imprensa muda
A privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) é o maior exemplo de "privataria" da história do Brasil, afirmou o colunista Reinaldo Azevedo no Olha Aqui! desta quarta (24). O termo "privataria", criado pelo jornalista Elio Gaspari, mistura as palavras privatização e pirataria.
Se há coisa que merece o nome de 'privataria' é isso que aconteceu na Sabesp. Considero — e podem reclamar à vontade — vergonhosa, na média, a cobertura que a imprensa deu a esse troço. Essa Equatorial, que é a empresa que vai mandar na Sabesp, ela tem 15% — se venderam 37% das ações, ela é a acionista de referência com 15%. Com 15%, ela vai ter o CEO, ela vai ter o presidente, ela vai ter três membros no conselho [de administração].
As ações da Sabesp estavam valendo R$ 75 na bolsa, eles compraram por R$ 67. Isso é realmente inédito na história e espero que não se repita. Mas, foi a privatização sem concorrência, foi a privatização de uma empresa só, sem concorrência. Foi a Equatorial. A Equatorial, que experiência ela tem? A Equatorial é uma empresa que lida com energia elétrica. A sua experiência em saneamento tem dois anos. Onde? No Amapá. Quem fez a privatização no Amapá? O [governador de São Paulo] Tarcísio [de Freitas], quando ministro [da Infraestrutura]. A senhora Karla Bertocco, que é a presidente do conselho [de administração] da Sabesp hoje, era do conselho da Equatorial. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Reinaldo afirmou que não faz sentido privatizar uma das maiores empresas do setor.
Não faz o menor sentido [privatizar], sendo que a Sabesp é uma das empresas de saneamento mais rentáveis do mundo. E no mundo, você tem exemplo de países que recuaram da privatização, porque na área em que a Sabesp atua, São Paulo tem 98% de água tratada, 92% de coleta de esgoto, de tratamento de esgoto 85%. Portanto, o serviço de universalização, que é sempre o mais caro para o público pagar, o da Sabesp está pronto. Eu não tenho nada contra privatização por princípio. A privatização da Sabesp, uma empresa que está com ações no mercado, uma empresa de bolsa, não faz nenhum sentido. Ela era absolutamente desnecessária.
E a privatização como foi feita, aí sim, nós temos um exemplo — convido, inclusive, o Elio Gaspari, se não gostaria de examinar, já que é o autor do termo 'privataria', se não gostaria de examinar essa questão: se nós não estamos diante do mais notável exemplo de privataria da história do Brasil. Em que se faz privatização com uma única empresa. Então, eu espero que esse exemplo de privataria não se repita. E acho que o Tarcísio só está nadando de braçada nisso, porque a agenda dele nesse caso coincide com a agenda de parte da imprensa, que deveria ser vigilante com esse negócio. Porque aí, sim, o que se tem é privataria. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
O Olha Aqui! vai ao ar às segundas, quartas e quintas, às 13h.
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Veja abaixo o programa na íntegra:
41 comentários
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Helcio Silva Jacob
A privataria tucana fez escola. Uma vez reacionário, sempre reacionário. E foi o aéciodopó que piorou o que já estava péssimo .
Vivendi
Tio Rei, esse trocisio da cara ciscada já estragou a PM, agora a Sabesp, mas o objetivo maior é o Metrô.
Carlos Magno Silva Carvalho
A iniciativa privada brasileira sempre foi incompetente. Nunca conseguiu construir uma Petrobrás, Embraer, Vale do Rio Doce, Embrapa, etc, etc., ou uma USP, uma Unicamp, URFJ e demais universidades públicas (q produzem 90% do conhecimento científico nacional). Nem uma Sabesp, a 2a maior empresa de saneamento básico no mundo, a maior do Hemisfério Sul e da América Latina. Uma elite empresarial e financeira patrimonialista sobre os bens do Estado e que conta com uma imprensa conivente, corrompida pelo capital e, por conseguinte, corruptora da democracia. Um crime de lesa-pátria, onde os pobres acabarão pagando tarifas maiores p/ piores serviços públicos, por falta dos devidos investimentos; tudo pra locupletar com dividendos uma elite parasitária que explora o povo. Privatizações são processos de concentração de renda q retiram dinheiro da população para os mais ricos.