A pedido de empresário, Lula critica Anvisa: 'Precisa andar mais rápido'
O presidente Lula (PT) criticou hoje a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por suposta demora para liberação de medicamentos, após reclamação da indústria.
O que aconteceu
Lula ouviu o pedido de celeridade do bilionário Carlos Sanchez, dono da EMS. O presidente participou hoje da inauguração de uma fábrica da farmacêutica em Hortolândia, no interior paulista.
"O nosso amigo Sanchez fez uma demanda, uma provocação", contou Lula, em sintonia com a reclamação do empresário. "De que é preciso a Anvisa andar um pouco mais rápido para aprovar os pedidos que estão lá, porque não é possível o povo não poder comprar remédio porque a Anvisa não libera."
Lula atribuiu tons de incompetência à agência. "Quando algum companheiro da Anvisa perceber que algum parente dele morreu porque o remédio que poderia ser produzido aqui não foi produzido porque eles não permitiram, aí a gente vai conseguir que ela seja mais rápida e atenda melhor os interesses do nosso país", disse Lula.
A Anvisa usa critérios técnicos para a liberação dos medicamentos. Muitas vezes, como no caso da pandemia de covid-19 ou na emergência global de Mpox, há uma flexibilização pelo caráter de urgência, mas não por demanda da indústria. Em resposta ao UOL, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, divulgou carta em que rebate a fala e diz ter avisado sobre a falta de servidores.
A fala polêmica se deu após o presidente defender a ciência e as vacinas. No início do discurso, Lula criticou mais uma vez a atuação do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia, atribuindo a ele "pelo menos metade" das 700 mil mortes no Brasil pela covid-19. Nesse período, a agência teve atuação importante, autorizando rapidamente o uso de vacinas.
Lula disse ainda que é uma demanda que "vamos tentar resolver". Como todas as agências reguladoras, a Anvisa tem atuação independente, mas os diretores são indicados pela Presidência.
Lula deverá indicar o próximo diretor-presidente da agência neste semestre. O atual, Antonio Barra Torres, foi indicado por Bolsonaro em 2020.
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