'Guarde minhas palavras': os momentos-chave do atrito entre Moraes e Musk
O embate entre o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e o empresário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), vem ganhando novos capítulos nas últimas semanas. Em atrito crescente desde abril, Moraes determina cumprimento de ordens judiciais, e Musk segue publicando uma série de acusações contra o ministro.
Relembre abaixo alguns momentos-chave do conflito, que não deve terminar tão cedo.
Histórico do conflito Moraes x Musk
Embate entre Musk e Moraes vem desde abril. Na ocasião, Musk afirmou que o ministro estava promovendo a "censura" no país. Em postagem de Moraes no X, Musk questionou "por que tanta censura no Brasil" e recebeu apoio de nomes como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Musk seguiu publicando ataques a Moraes nos meses seguintes. Em uma das postagens, o empresário apontou "censura agressiva [que] parece violar a lei e a vontade do povo do Brasil".
Sem apresentar provas, Musk já acusou Moraes de interferir nas eleições brasileiras de 2022. A postura de Moraes, segundo Musk, teria sido tomada "para eleger" o presidente Lula (PT). Na postagem, o empresário chamou Moraes de "ditador brutal" e questionou por que os congressistas brasileiros não promovem ações contra o ministro.
Agosto de 2024: escalada recente, ameaças e acusações
X anuncia fechamento das atividades no Brasil. No último dia 17, a empresa divulgou nota sobre o encerramento das operações no país e responsabilizou Alexandre de Moraes. Segundo o X, o ministro ameaçou o representante legal da empresa no Brasil de prisão caso a companhia não cumprisse "ordens de censura". Com a decisão, os funcionários do X que atuavam no Brasil foram desligados.
Na decisão de Moraes mencionada pelo X, o ministro havia determinado que a empresa bloqueasse determinados perfis na rede. Os perfis indicados pelo ministro são de bolsonaristas responsáveis por ataques aos investigadores da Polícia Federal que atuam em inquéritos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. No caso do senador Marcos do Val, o X descumpriu a medida e o senador continua com a conta ativa.
Moraes dá ultimato para que X indique representante legal no Brasil. Na última quarta-feira (28), o STF publicou em seu perfil no X documento assinado por Moraes determinando a indicação, exigida pelo Marco Civil da Internet. A postagem representa a primeira intimação feita pelo ministro por meio de uma rede social. Alegando constante dificuldade em conseguir contato com a rede social via telefone ou e-mail, o Tribunal usou a própria rede para publicar a intimação.
X tinha um dia para indicar seu representante legal. Na intimação, Moraes indicou um prazo de 24 horas, com pena de suspensão imediata das atividades da rede no Brasil. Até o meio-dia desta sexta-feira, a rede social permanecia ativa para os usuários brasileiros.
Elon Musk publicou foto ironizando Moraes como resposta à intimação. Na postagem, feita na madrugada desta quinta-feira (29), Musk diz que a imagem foi gerada a partir de comando feito por ele no Grok, o chat de inteligência artificial do X. O resultado seria uma imagem como se Voldemort, vilão da saga Harry Potter, e Lord Sith, antagonista da franquia Star Wars, "tivessem um bebê e ele virasse juiz no Brasil". "É estranho", postou Musk.
Postagens de Musk seguem em tom de ameaça e ironia. Ainda na madrugada desta quinta-feira, o empresário postou uma foto com a seguinte legenda: "Um dia, Alexandre, essa foto sua na prisão será real. Guarde minhas palavras". Vale ressaltar que o homem na foto não é Alexandre de Moraes. Em postagem na sequência, Musk publicou imagem de um rolo de papel higiênico com o nome Alexandre escrito, questionando se seus seguidores haviam gostado da ideia.
One day, @Alexandre, this picture of you in prison will be real. Mark my words. pic.twitter.com/ZkHExAwQxm
-- Elon Musk (@elonmusk) August 29, 2024
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Quero receberAcusações em aberto contra Musk e contra o X
Empresário é alvo de investigação no Brasil. Musk foi incluído no inquérito do STF que investiga milícias digitais e também é alvo de inquérito que apura suspeita de obstrução de Justiça, organização criminosa e incitação ao crime. Alexandre de Moraes é autor de uma série de despachos que suspenderam perfis nas redes sociais (entre elas o X) de investigados por suposta disseminação de desinformação e ataques às urnas eletrônicas.
X tem recursos aguardando para serem julgados. Antes do fechamento do escritório no Brasil, a empresa era representada por advogados no STF e chegou a recorrer de algumas decisões de Moraes, em casos que tramitam sob segredo de Justiça. A companhia ainda tem decisões a serem cumpridas e multas pelo descumprimento de determinações judiciais pendentes de pagamento.
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