Caso Marielle: Chiquinho Brazão chora, nega crime e acusa Lessa de mentir
O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) chorou em interrogatório sobre o assassinato de Marielle Franco e afirmou ao STF que a Câmara dos Vereadores do Rio era como uma "casa de família", onde todos seriam "amigos". Ele negou envolvimento no crime e disse que sempre teve boa relação com ela. O depoimento será retomado na terça-feira (22).
O que aconteceu
Chiquinho Brazão falou por videoconferência. Ele está preso na Penitenciária Federal em Campo Grande (MS). Ele falou nesta tarde durante a ação penal na qual é acusado de mandar matar Marielle Franco. O interrogatório dos réus é uma das etapas finais antes da decisão no STF (Supremo Tribunal Federal).
Deputado chorou logo no início da sessão. Disse que tinha boa relação com Marielle e que a delação premiada de Ronnie Lessa não teria nada de verdade.
Ronnie Lessa é o autor dos disparos que mataram Marielle e, depois de ser preso, decidiu colaborar com a PF (Polícia Federal). Ele disse que se reuniu com os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, que teriam encomendado a morte da vereadora e prometido loteamentos como pagamento.
Segundo o delator, eles chegaram a se reunir para discutir o assassinato. Na audiência desta tarde, o deputado federal disse que a reunião nunca ocorreu e afirmou não conhecer Ronnie Lessa. A denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) aponta que os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão teriam mandado matar a vereadora com ajuda do então delegado da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa. Este teria garantido que as investigações sobre o caso não avançassem.
Audiência marcada por interrupções. O depoimento ao longo desta tarde foi marcado pelas várias interrupções com queda de sinal da internet que está sendo utilizada na penitenciária federal onde Chiquinho está detido. Em determinado momento, já ao final da tarde, o deputado reclamou que as quedas de sinal estavam prejudicando seu raciocínio para explicar os fatos durante o depoimento. Diante da situação, a PGR propôs o adiamento do depoimento e que ele fosse feito da sede da Polícia Federal em Campo Grande.
O que eu posso dizer é que nada ali é verdade.
Chiquinho Brazão, sobre delação premiada de Ronnie Lessa
A única coisa que nós tivemos [ele e Marielle Franco], no dia da votação, quer dizer, durante a votação, nós tivemos uma discordância ali, momentânea.
Chiquinho Brazão, sobre votação de um projeto de lei que discutia regularização fundiária no Rio
A Câmara de Vereadores é uma casa de família, porque todo mundo ali se torna amigo, todo mundo é do mesmo município e tem interesse na melhoria da cidade. Então a gente tinha uma lida muito boa (...) A Marielle, eu nunca na minha vida assisti a um discurso em defesa dessas áreas [terrenos irregulares que teriam motivado o assassinato].
Chiquinho Brazão, sobre a relação na Câmara do Rio
Acusação ao delator
Além de negar ser o mandante da morte, o deputado insinuou que Lessa poderia estar protegendo alguém com acusações a ele e a seu irmão. Questionado pelo desembargador Airton Vieira, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, Chiquinho Brazão não soube apontar quem estaria sendo beneficiado.
Não tem uma explicação a não ser que ele [Ronnie Lessa] esteja protegendo alguém e seguiu esse caminho. (...) Nunca tive contato com Ronnie Lessa, nenhum contato com ele.
Chiquinho Brazão, sobre delação de Ronnie Lessa
Não tenho em mente ninguém quem pudesse fazer isso. Não tenho mesmo.
Chiquinho Brazão, em depoimento ao STF
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