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Sakamoto: Nunes dá cruzado de direita com gosto em Bolsonaro

Os elogios à participação de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em sua campanha à reeleição para a Prefeitura de São Paulo soaram como um golpe certeiro de Ricardo Nunes (MDB) em Jair Bolsonaro (PL), afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta terça (22).

Ontem, Nunes exaltou o engajamento do governador de São Paulo, chamando-o de "grande amigo e irmão" e de "capitão". A postura do candidato do MDB contrasta com o tímido apoio de Bolsonaro, que não participou de forma tão ativa da campanha de Nunes e até fez alguns acenos a Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno.

Nunes deu um cruzado de direita em Bolsonaro. E foi dado com gosto, por alguém que se sentiu abandonado e até traído pelo ex-presidente durante as eleições. Quando Marçal encostou e até ultrapassou Nunes em algumas pesquisas, Bolsonaro fez de conta que não era com ele, com medo de bater de frente com seus seguidores, que viam em Marçal um bolsonarista mais raiz do que Nunes.

No final do primeiro turno, Bolsonaro fez uma live. Os filhos e assessores mais próximos dele tentaram cravar que foi por causa desta live que Nunes foi para o segundo turno, mas não foi por conta disso.

Enquanto isso, Nunes ressalta Tarcísio, que esteve ao lado dele o tempo inteiro, de olho em 2026. Tarcísio precisa de um aliado na Prefeitura para manter vivo seu sonho presidencial, algo que será colocado em xeque caso Boulos vença as eleições. Tarcísio também pensou em si. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Sakamoto ressaltou que a equipe de Nunes tenta minimizar os efeitos da participação "oportunista" de Bolsonaro na campanha, já que o ex-presidente carrega uma imagem negativa junto ao eleitorado paulistano.

Também seria positivo para Bolsonaro entrar na campanha do Nunes, ganhar e poder falar que essa era a força dele no maior colégio eleitoral do Brasil. Tarcísio resolveu apostar, deu a cara a tapa sob risco de perder e, mesmo assim, foi. Bolsonaro, não; ficou se equilibrando em sua conhecida falta de coragem entre um lado e outro. Como repetimos à exaustão, ele entra na campanha na reta final para colher os louros do trabalho de outras pessoas e tentar surfar a onda que outros levantaram.

Essa churrascada e a ida à igreja não são pelo Nunes. Bolsonaro está fazendo por ele mesmo. Nunes não só não precisa, como tem que limitar o raio de ação do Bolsonaro porque ele tira voto em São Paulo. Ou seja: estão escondendo o ex-presidente.

No fim das contas, Bolsonaro terá ajudado muito pouco. Os votos bolsonaristas caíram no colo de Nunes por gravidade. Nunes tem que agradecer aos vereadores de sua base, que fizeram um trabalho muito forte dando um chega para lá em áreas que eram historicamente do PT, pelos outros votos. Bolsonaro vem para fazer o que faz de melhor: tentar se apropriar do trabalho alheio. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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Josias: Nunes mostra realidade a Bolsonaro; Tarcísio é a estrela

Ao exaltar a parceria de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em sua campanha à Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) deu um choque de realidade em Jair Bolsonaro e mostrou ao ex-presidente quem é o protagonista nas eleições municipais, disse o colunista Josias de Souza.

Bolsonaro costuma guardar o fel no refrigerador. Ele se vinga na hora em que considera apropriado. O prefeito não disse nenhuma mentira. No caso da candidatura do Nunes, Bolsonaro tenta comer em um prato em que ele cuspiu. Favorito, Nunes empurra para o final da campanha a estreia de Bolsonaro.

Vingativo, o prefeito sinaliza a intenção de restringir o compartilhamento do seu eventual êxito apenas com Tarcísio. O governador foi aconselhado por Bolsonaro, na hora da dificuldade no primeiro turno, a abandonar a canoa. Disse que o governador poderia pagar com a própria carreira pelo insucesso de Nunes. Tarcísio fez o oposto e se manteve ao lado do prefeito. Josias de Souza, colunista do UOL

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