'Maduro é problema da Venezuela, não do Brasil', diz Lula
O presidente Lula (PT) afirmou, em entrevista no domingo (11), que Nicolás Maduro, presidente reeleito na Venezuela, é "problema" do país e não do Brasil.
O que aconteceu
O petista explicou que o governo brasileiro acompanhou o processo eleitoral venezuelano. Depois, segundo o presidente, o assessor especial da Presidência do Brasil, Celso Amorim, tinha recebido uma resposta positiva de Maduro e do opositor Edmundo González Urrutia para mostrar as atas eleitorais. "A verdade é que os dois não mostraram. Então, nós fizemos uma nota com a Colômbia, dizendo da nossa inquietação de não ter uma prova do resultado eleitoral", disse na entrevista à RedeTV!.
Ele [Maduro] deveria ter mandado a nota para o Conselho Nacional Eleitoral, que foi criado por ele próprio, que tinha dois membros da oposição e três do governo. Ele não mostrou, foi direto do governo para a Suprema Corte. Eu não tenho o direito de ficar questionando a Suprema Corte de outro país, porque eu não quero que nenhum país questione a minha Suprema Corte. Mesmo quando ela erra.
Lula, em entrevista
"Eu quero que a Venezuela viva bem, que eles cuidem do povo com dignidade, e eu vou cuidar do Brasil. O Maduro cuida dele, o povo venezuelano cuida do Maduro, eu cuido do Brasil e vamos seguir em frente."
O petista ainda disse não poder ficar brigando com a Nicarágua, Venezuela ou outros países porque "tem que brigar para fazer o Brasil dar certo".
Hostilidades
A Venezuela voltou a subir o tom contra o Brasil no início de novembro. Em comunicado divulgado nas redes sociais, o país disse que o Itamaraty tenta se fazer de "vítima em uma situação onde claramente atuou como agressor".
O comunicado afirma que o governo brasileiro tem "empreendido uma agressão descarada e grosseira contra Nicolás Maduro". A Venezuela diz que o Itamaraty "tenta enganar" a comunidade internacional ao se fazer de vítima.
As críticas a Maduro aumentaram após a reunião do Brics no final de outubro, na Rússia. O Brasil vetou a entrada da Venezuela no grupo em último encontro — o presidente brasileiro não participou por ter sofrido um acidente doméstico na véspera da viagem.
O regime ditatorial de Maduro afirma que o Brasil tem também agido contra a sociedade venezuelana. Segundo o texto, o Itamaraty atuaria "em uma campanha sistemática e violadora dos princípios da Carta das Nações Unidas, como a soberania nacional e a autodeterminação dos povos, inclusive violando a própria Constituição brasileira em seu mandato de não ingerência em assuntos internos dos estados".
O documento foi publicado um dia após o Itamaraty divulgar uma nota dizendo que recebia "com surpresa o tom ofensivo adotado" por autoridades venezuelanas. Além do veto no Brics, o Brasil não reconheceu a vitória de Maduro este ano e o comportamento de Celso Amorim, assessor especial de Lula para assuntos internacionais, estariam incomodando o ditador.
No fim de outubro, Maduro convocou seu embaixador em Brasília, Manuel Vadell, para "consultas". Conforme mostrou o colunista do UOL Jamil Chade, na prática diplomática, isso é um gesto para mostrar repúdio a outro governo e um primeiro passo para uma eventual retirada completa da representação no país.
Publicação com ameaça
Ainda em outubro, a Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela publicou uma imagem a com silhueta semelhante de Lula e bandeira do Brasil. A foto também levava a foto "quem mexe com a Venezuela se dá mal". No dia seguinte, o post foi apagado.
"Nossa pátria é independente, livre e soberana. Não aceitamos chantagem de ninguém", dizia trecho da publicação. Inicialmente, o governo brasileiro não iria se pronunciar, mas depois decidiu publicar a nota via Itamaraty.
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