PF deve entregar neste mês relatório sobre 8/1 para indiciar investigados
A Polícia Federal deve apresentar até o fim deste mês o relatório pedindo o indiciamento dos investigados no inquérito que apura o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro, seus ex-ministros e militares de alta patente na tentativa de golpe de Estado ocorrida em 2022.
O que aconteceu
Prazo para conclusão da investigação foi determinado por Moraes em setembro. O UOL apurou que delegados responsáveis pela investigação pretendem encaminhar até o fim do mês um relatório, ainda que parcial, apontando os crimes que os investigados teriam cometido.
Operação de ontem realizada pela PF pode trazer mais revelações e indícios, sem afetar o prazo. Material apreendido nas buscas realizadas nesta terça-feira (19) será periciado. Foram presos preventivamente quatro militares e um policial federal suspeitos de envolvimento na trama golpista.
Inquérito investiga se Bolsonaro e seus ministros cometeram crimes de tentativa de Golpe de Estado e Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito. Trata-se da linha de investigação com suspeitas mais graves contra o ex-presidente, que representaria um vínculo direto de Bolsonaro com o ato golpista ocorrido em 8 de janeiro de 2023 que depredou a Praça dos Três Poderes.
Ministro deu prazo de 60 dias em decisão de 27 de setembro. Alexandre de Moraes determinou que relatório "conclusivo" fosse apresentado em dois meses e, na sequência, encaminhado para a PGR avaliar se apresenta denúncia contra todos os investigados, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Como os autos foram encaminhados à PF em 30 de setembro, a expectativa é de que a conclusão seja apresentada até o fim deste mês.
Investigação revelou tentativa de assassinato e vínculo com golpistas. Polícia Federal deflagrou nova operação ontem que prendeu cinco investigados por envolvimento na trama golpista e trouxe novos fatos que revelam como integrantes da cúpula do governo Bolsonaro teriam se envolvido com manifestantes golpistas e também elaborado um plano com vários cenários para assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Militares são alvos da investigação
Inquérito que pode implicar Bolsonaro em atos do 8 de janeiro é o único que atinge militares de alta patente. Caso envolve ex-comandantes das três Forças no governo Bolsonaro e também deve levar ao indiciamento dos ex-ministros Augusto Heleno (GSI), Braga Netto (Casa Civil) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa).
Operação de ontem aponta que trama golpista teria sido planejada em reunião na residência de Braga Netto. Ex-ministro e candidato a vice-de Bolsonaro se reuniu com suspeitos de arquitetar trama golpista em 12 de novembro de 2022. Ao reconstituir os eventos, a PF aponta que foi após essa reunião que os suspeitos começaram a articular ações para monitorar e até assassinar o ministro Moraes em sua residência em Brasília.
Militares acusaram Bolsonaro. Em depoimentos à PF neste ano, os ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos Almeida de Baptista Jr. (FAB) afirmaram que Bolsonaro teria apresentado a eles uma proposta de minuta golpista para evitar a posse de Lula e manter o ex-presidente no poder.
Chefe da Marinha foi investigado pelo apoio, mas se calou. Segundo os dois ex-comandantes, o então comandante da Marinha, Almir Garnier, teria sinalizado apoio à tentativa golpista e colocado suas tropas à disposição de Bolsonaro. Garnier também foi intimado a depor na PF. Na ocasião, porém, ele ficou em silêncio sobre a tentativa de golpe.
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