'Neurologicamente perfeito', Lula deve ter alta semana que vem, diz médico

O presidente Lula está "neurologicamente perfeito" e evolui bem após procedimento médico complementar realizado na manhã de hoje (12). Ele deve ter alta no início da próxima semana, segundo avaliação médica do hospital Sírio-Libanês de São Paulo.

O que aconteceu

Médicos avaliam positivamente a recuperação do presidente Lula. "Nos dois dias após a cirurgia foi discutido o procedimento complementar. Foi com sucesso", disse Kalil, médico cardiologista, que acompanha o presidente. "O presidente está acordado, na UTI, está superestável, está comendo. Deverá ter alta no começo da semana. Isso não atrasou nem um pouco a programação dos próximos dias."

O presidente "está neurologicamente perfeito" e conversando, destacou Marcos Stavale, outro membro da equipe médica. "Ele fez o procedimento de hoje para não ter novos sangramentos", acrescentou. E Kalil complementou: "Ele está cognitivamente íntegro".

Depois da alta ele vai poder viajar a Brasília. O que se espera é que na próxima semana esteja no Alvorada.
Roberto Kalil, médico

Kalil disse que Lula tem a recomendação de repouso relativo. "Ele faz atividades físicas todos os dias, provavelmente isso vai ser postergado o início dessas atividades. Ele vai continuar o acompanhamento com a equipe médica de Brasília. Hoje, o presidente vai continuar monitorado em UTI, dreno será muito provavelmente retirado no fim da tarde", afirma. "A orientação é de repouso relativo. Ele está comendo e conversando. Quem trabalha com a mente nunca para. A orientação é evitar qualquer tipo de estresse o que é impossível na posição dele. Ele está sentado, conversando e andando pra lá e pra cá."

Presidente está sendo monitorado. "Hoje, o presidente está sendo monitorizado de forma contínua. Naquele momento que a gente tira essa essa monitorização significa que ele não está mais sob os cuidados da UTI. O presidente vai permanecer no mesmo espaço físico, o que vai mudar serão os cuidados de monitorização contínua", afirmou a médica presidencial.

Lula foi submetido a uma embolização de artéria meníngea média. O objetivo da intervenção é bloquear o fluxo de sangue no cérebro e evitar futuros sangramentos, segundo Kalil.

Kalil aproveitou a coletiva para dizer que não estava marcada uma avaliação com o presidente no último dia 6 — como havia sido propagado. "Não estava marcado nenhum procedimento, o presidente sempre no fim do ano faz avaliação de rotina geral. Todo ano ele faz como check-up de rotina", disse Kalil.

Alta hospitalar, mas não alta médica

Lula não deverá trabalhar durante a internação. "A recomendação médica é que ele não se esforce e não trabalhe enquanto está no hospital. Mas está apto a exercer qualquer atividade", afirmou Kalil, explicando que o presidente terá alta do hospital provavelmente na segunda (16) ou terça-feira (17), mas não alta médica.

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A orientação é de repouso relativo. Ele está comendo e conversando. Quem trabalha com a mente nunca para. A orientação é evitar qualquer tipo de estresse, o que é impossível na posição dele. Ele está sentado, conversando e andando para lá e para cá.
Roberto Kalil

As visitas estão proibidas desde o começo da internação e ficarão proibidas até o final da internação. Visitas só para familiares.
Marcos Stavale, médico

Os médicos descartam a possibilidade de o hematoma migrar para outra parte do cérebro. "O presidente teve uma dor de cabeça, quando ele se sentiu mal ele comunicou os médicos", afirmou Germoglio. "Claro que qualquer sinal de alerta a equipe médica tem que ser comunicada."

Lula não teve nenhum tipo de sangramento entre os procedimentos, disse Kalil. Ele disse que o segundo procedimento não foi comunicado antes porque foi discutido com os demais médicos da equipe após a evolução do quadro de Lula. "O presidente foi comunicado desse procedimento de hoje ontem à tarde", disse Kalil. "Desde a noite que foi feita a drenagem essa discussão dessa embolização já tinha sido discutida, só se esperava a evolução do presidente para fazer a embolização. O que foi feito hoje seria para minimizar os riscos de novos sangramentos."

Procedimento médico durou menos de uma hora. Trata-se de uma complementação cirúrgica, realizada em uma sala de cateterismo, e não em centro cirúrgico (não é considerada uma técnica cirúrgica).

Presidente estava em estado gripal e foi atendido no palácio pela médica Ana Germoglio. "O presidente teve um episódio de febre, os exames são compatíveis com um quadro viral, que ainda não conseguimos identificar o vírus responsável. Mas os exames já se normalizaram. Não há mais sinal sugestivo de doença viral. Pode ser sido uma concomitância de fatores que precipitaram o quadro inflamatório", explicou a médica da presidência.

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Lula resiste em pedir licença. Pessoas próximas disseram ao UOL que acham muito difícil que o presidente peça algum tipo de afastamento durante a internação. O vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), tem cumprido agendas no lugar de Lula, e os ministros têm atuado nas negociações com o Congresso, especialmente em relação ao pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A previsão é que Lula volte a Brasília na semana que vem.

A informação do novo procedimento aumentou as especulações sobre a saúde do presidente ontem. O médico de Lula, entretanto, afirmou que o protocolo já estava previsto —apesar de também ter dito, em coletiva de imprensa, que a decisão foi tomada pela equipe médica apenas nesta quarta (11). Kalil disse que o presidente e a primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, "fizeram questão" de antecipar o aviso à imprensa sobre a realização do procedimento.

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Imagem: Arte UOL | Revisão: Mauricio Panicio, neurocirurgião

Cirurgia emergencial há dois dias

Lula foi submetido a cirurgia na madrugada de terça-feira (10) para drenar uma hemorragia intracraniana. Chamada de trepanação, consistiu em uma perfuração do crânio. O procedimento durou cerca de duas horas, segundo a equipe médica, e não houve uma "abertura importante do crânio".

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O sangramento é consequência do acidente doméstico sofrido pelo presidente em 19 de outubro. O petista bateu a nuca ao cair no banheiro do Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência.

Lula começou a se queixar de dores na cabeça na segunda-feira (9). Após encontro com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ele foi levado ao Sírio-Libanês em Brasília, passou por exames e foi transferido para São Paulo para passar pela cirurgia de emergência.

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