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Mortes por câncer nos EUA caem 27% ao longo de 25 anos

09/01/2019 12h00

Rio - Os números de morte por câncer nos Estados Unidos acabam de alcançar uma marca histórica: estão há 25 anos em queda consistente, segundo novo relatório divulgado na tarde desta terça-feira, dia 8. De acordo com especialistas, a redução do tabagismo e os avanços em diagnóstico e prevenção são os maiores motivos do resultado.

O Brasil ainda está longe de incorporar a tendência positiva - que se repete também entre países europeus. Por aqui, os índices de mortalidade por câncer aumentam desde 1979, quando o Instituto Nacional do Câncer (Inca) passou a registrar os dados anualmente.

Estima-se que os Estados Unidos registrem este ano 1,7 milhão de novos casos de câncer e, pelo menos, 600 mil mortes, conforme a Sociedade Americana do Câncer. A taxa de letalidade por câncer nos EUA crescia anualmente até o início dos anos 1990. Desde então, começou a cair. De 1991 a 2016, a queda registrada foi de 27%.

A principal razão para esta queda é o recuo nos casos fatais de câncer de pulmão. Entre os diversos tipos da doença, este sempre foi o mais letal, sobretudo entre os homens. Mas a taxa de letalidade já caiu quase 50% desde o início dos anos 1990. É um efeito direto da redução do tabagismo, que começou a ganhar força nos anos 1960.

A mesma tendência foi observada nos Estados Unidos para o câncer de próstata, cuja mortalidade caiu 51% entre 1993 e 2016. Entre as mulheres, houve queda na mortalidade pelo câncer de mama - que registrou queda de letalidade de 41% de 1989 a 2016.

"No Brasil, a nossa letalidade não para de crescer", afirmou o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Sérgio Simon. "Para isso acontecer, é preciso ter rastreamento e detecção precoce dos tumores. Nosso rastreamento é muito pobre."

A exceção, de acordo com Sérgio Simon, é o Estado de São Paulo, onde a cobertura para a mamografia é de 70%. Outra estratégia que tampouco está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) é o acompanhamento de famílias que possuem uma mutação específica que pode favorecer o desenvolvimento de câncer de mama e ovário.

Processo lento

No caso da redução do tabagismo, o Brasil tem uma experiência de sucesso. Os fumantes representavam 27% da população há 15 anos e, agora, são 11%. Esse porcentual é similar ao de países desenvolvidos. Os efeitos sobre as taxas de letalidade de câncer de pulmão, no entanto, ainda demoram.

"Esse resultado só costuma aparecer 20, 30 anos depois", acrescenta Simon. "A redução do tabagismo começou bem antes nos Estados Unidos."

A estimativa para este ano é de que o Brasil registre aproximadamente 400 mil novos casos de câncer e, aproximadamente, 200 mil mortes.

"É natural que países em desenvolvimento reproduzam o padrão dos países desenvolvidos, mas leva tempo", afirma Marceli de Oliveira Santos, da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional do Câncer. "Aqui no Brasil ainda não observamos um declínio da mortalidade; de 1991 para cá vem aumentando, de forma suave, mas aumentando. Eram 78 mortes por milhão e, agora, são 90 mortes por milhão." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Roberta Jansen