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Câmara aprova texto principal da MP do Mais Médicos e vota destaques hoje

Do UOL, em São Paulo

09/10/2013 01h21

Após intensa pressão do Planalto para viabilizar a aprovação, a Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quarta-feira (9) o texto base da medida provisória que cria o Mais Médicos, programa federal que inclui a contratação de médicos estrangeiros para atuar no Brasil.

O texto aprovado prevê que o registro de médicos seja feito pelo Ministério da Saúde e não mais pelos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). Os conselhos vinham dificultando a emissão do registro, impedindo a atuação desses profissionais. As entidades médicas criticam a dispensa de revalidação do diploma dos profissionais formados no exterior.

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Após um acordo, porém, as entidades médicas decidiram recuar neste ponto em troca da inclusão no programa de uma carreira de Estado dos médicos a ser implantada nos próximos anos.

Hoje, a Câmara volta a discutir a medida às 13h30 para a votação de 13 destaques, que podem alterar trechos do texto final. Para virar lei, a medida provisória ainda precisa passar pelo Senado e receber a sanção da presidente Dilma Rousseff.

  • Arte UOL

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A sessão extraordinária durou 7 horas devido aos diversos requerimentos apresentados pela oposição com o objetivo de obstruir a votação.

Considerado um dos principais trunfos para a sua reeleição em 2014, o programa foi apresentado por Dilma em julho passado para suprir a falta de médicos na rede pública em cidades do interior e nas periferias das capitais. A proposta também faz modificações na formação médica no país.

Outra questão polêmica que ficou de fora do texto aprovado é a criação de um fórum consultivo para tratar de diferentes temas da saúde.

Durante o debate de um dos requerimentos usados para protelar a votação, o clima chegou a ficar tenso entre os parlamentares e a sessão foi interrompida por alguns minutos. Além de deputados contrários à medida provisória do Mais Médicos, parlamentares ligados à bancada ruralista também passaram a obstruir a votação a fim de pressionar a Presidência da Casa para instalar uma comissão para discutir uma proposta que trata de demarcações de terras indígenas.

O deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) comentava a invasão de índios ocorrida na Câmara na semana passada, dizendo que, entre os indígenas, havia “vagabundos”. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) se ofendeu e, exaltado, disse que ali não havia vagabundos. O deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) saiu em defesa de Moreira e ele e Valente precisaram ser contidos por colegas para não chegarem às vias de fato.

Formação médica

O texto determina ainda que, em vez de criar estágio obrigatório de dois anos no SUS (Sistema Único de Saúde) para os recém-formados em medicina, pelo menos 30% da carga horária do internato do curso de graduação, fase que associa estudo e prática, seja realizado em serviço de urgência e emergência do SUS (sete meses).

O projeto também cria o programa de residência em medicina geral de família e comunidade, cuja realização será pré-requisito para o ingresso em outras especialidades, como clínica médica, cirurgia geral, a partir de 2019. Essa especialidade em medicina geral será voltada para especificidades do SUS, como atuação em urgência e emergência, atenção domiciliar, saúde mental, saúde coletiva, entre outros.

A MP determina também o exame de avaliação para o curso de graduação em medicina, a cada dois anos, a partir de 2015. Para os programas de residência, a avaliação será anual, também a partir de 2015. O Inep será responsável pelas provas, que vão avaliar conhecimentos, habilidades e atitudes.

O médico formado no exterior que participa do Mais Médicos terá de revalidar o diploma se quiser continuar no programa passados quatro anos. O programa é de três anos, prorrogável por mais três. O texto original dispensava o Revalida durante todo o programa.

A MP determina ainda que o número de médicos estrangeiros do Mais Médicos não poderá exceder 10% de médicos brasileiros com inscrição definitiva dos CRMs.

Quanto à estrutura da saúde pública, o SUS terá prazo de cinco anos para adotar as unidades básicas de saúde com qualidade de equipamentos e infraestrutura.

Em relação à abertura de vagas, a medida provisória determina que, a partir de 31 de dezembro de 2018, o número de vagas de residência precisa ser igual ao número de formandos em medicina.