Liberiano com ebola morre nos EUA
O liberiano Thomas Eric Duncan, 42, morreu em decorrência do ebola na manhã desta quarta-feira (8), depois de ficar isolado no hospital Presbiteriano do Texas, em Dallas, desde a semana passada. A informação é de um porta-voz do hospital. Duncan foi o primeiro caso confirmado de ebola fora da África.
Duncan foi diagnosticado depois de chegar na cidade do Texas, proveniente da Libéria, em 20 de setembro, para visitar sua família. Ele contraiu o vírus em Monróvia, capital liberiana, onde vivia, ao socorrer uma grávida que morreu de ebola, dias antes de partir para os EUA. Desde o dia 28 de setembro ele estava na área de isolamento do hospital e recebendo o medicamento experimental Brincidofovir.
"É com profunda tristeza e grande decepção que informamos sobre a morte de Thomas Eric Duncan esta manhã, às 7h51 [5h51 no horário de Brasília]", declarou Wendell Watson, porta-voz do hospital.
"O sr. Duncan sucumbiu a uma traiçoeira doença o ebola. Ele lutou corajosamente em sua batalha com ela", afirmou Watson.
O Departamento de Saúde do Texas informou que o corpo de Duncan será transportado em uma camada dupla de proteção, dentro de dois sacos apropriados selados, antes de ser cremado, e que os familiares tinham concordado com o procedimento.
"O processo de cremação matará qualquer vírus que estiver no corpo, portanto as cinzas poderão ser devolvidas à família. Não é necessário usar trajes protetores para manusear os restos após a cremação", informou.
Governo presta condolências à família
O juiz Clay Jenkins do condado de Dallas emitiu um comunicado no qual disse:
“Meus pensamentos estão com a família e com os amigos de Thomas Eric Duncan neste momento, especialmente em sua noiva Louise, seu filho Karsiah e todos aqueles que o amavam. Também estamos com os nossos pensamentos na dedicada equipe do hospital que ajudou o Sr. Duncan diariamente enquanto ele lutou contra essa terrível doença. Oferecemos orações de conforto e paz a todos os impactados pela sua passagem”.
O prefeito de Dallas, Mike Rawlings, disse que a morte de Duncan “dói profundamente".
"Estávamos esperando que isso não ia acontecer", disse.
Duncan visitava o filho Karsiah Duncan, que mora em Dallas. Karsiah se formou na Conrad High School, em Dallas, e agora estuda em uma faculdade em San Angelo, segundo o jornal "Dallas News".
Em um comunicado, David Lakey, comissário do Departamento de Serviços de Saúde do Estado do Texas, também tentou confortar a família de Duncan.
"Para uma família isso tem sido muito mais do que pessoal. Hoje eles perderam um querido membro de sua família. Eles têm nossas sinceras condolências, e nossos pensamentos estão com eles".
“Eu jurei que os trabalhadores de saúde continuarão tentando impedir a propagação do vírus e proteger as pessoas contra esta ameaça", completou.
A mais recente epidemia de ebola já matou mais de 3.000 pessoas em 2014. Os países mais atingidos são a Libéria, Serra Leoa e Nigéria, mas há casos também na Nigéria e na República Democrática do Congo -- este último de um outro tipo do vírus ebola.
Depois de confirmado o diagnóstico de Duncan, começou uma 'caça às bruxas' para saber se o liberiano tinha passado o vírus a alguém. Sua família está em quarentena, isolada no apartamento onde o parente estava hospedado com eles. Segundo o governo americano, outras cem pessoas estão sendo monitoradas, entre as quais cinco crianças.
Profissionais de saúde que resgataram Duncan também foram isolados, mas o teste deles para ebola deu negativo.
Nesta quarta-feira, o Departamento de Segurança Interna dos EUA informou que os aeroportos do país vão começar a medir a temperatura dos passageiros que chegarem aos EUA vindos dos países da África Ocidental. A prática deve começar neste fim de semana ou, no máximo, na próxima semana.
EUA pedem ajuda a outros países
O secretário de Estado americano, John Kerry, lançou, nesta quarta-feira, um pedido urgente à comunidade internacional para que apoiem o combate contra o ebola, e alertou que não há tempo a perder.
"Mais países podem e têm de apoiar", enfatizou Kerry durante uma coletiva de imprensa após se reunir com seu colega britânico, Philip Hammond, e lançou um "pedido urgente para que os países do mundo façam mais contra esta crise mundial, que exige uma resposta mundial urgente".
Hospital liberou africano doente
Duncan procurou cuidados médicos no dia 26 de setembro, mas foi mandado para casa depois de tomar antibióticos, mesmo depois de ter informado a enfermeira que vinha da Libéria.
Em 28 de setembro, passando muito mal, ele voltou de ambulância ao Hospital Presbiteriano do Texas e foi colocado em isolamento estrito.
A demora na descoberta do caso rendeu críticas ao sistema de saúde americano, que se dizia preparado para detectar a tratar casos de ebola.
Outros casos nos EUA
Hospitais americanos em Nebraska e Geórgia conseguiram tratar com sucesso e dar alta a três missionários americanos que se infectaram com ebola no oeste da África.
Um quarto médico está sendo tratado no hospital da Universidade Emory, em Atlanta, após se contaminar com ebola em Serra Leoa. Seu nome e seu estado de saúde não foram divulgados.
Outro cidadão americano, que trabalhava como cinegrafista freelance para a emissora NBC News, Ashoka Mukpo, chegou a Nebraska esta semana para receber tratamento após se infectar com ebola na Libéria.
O primeiro cidadão americano conhecido a adoecer com ebola, Patrick Sawyer, que tinha dupla nacionalidade liberiana, morreu em julho após viajar de avião da Libéria para a Nigéria.
(Com jornais e agências internacionais)
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