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Grupo cria máscaras de proteção usando impressora 3D no Distrito Federal

Pedro Henrique Moraes está criando máscaras utilizando impressora 3D - Arquivo pessoal
Pedro Henrique Moraes está criando máscaras utilizando impressora 3D Imagem: Arquivo pessoal

Jéssica Nascimento

Colaboração para o UOL, no Distrito Federal

24/03/2020 18h47

Um médico residente do Hospital Universitário de Brasília (HUB) decidiu juntar a solidariedade com a tecnologia para combater o novo coronavírus. De casa, ele e um grupo de voluntários produzem em impressoras 3D máscaras e materiais hospitalares que serão doados para profissionais de saúde.

Cada máscara demora cerca de duas horas para ser feita. A ideia é conseguir equipar quem vai ter contato mais direto com os pacientes com suspeita da doença covid-19. Os equipamentos vão ser entregues no HUB, no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e no Hospital das Forças Armadas (HFA). A unidade onde o médico que criou o projeto atende recebeu ontem 12 máscaras.

"Essa crise do coronavírus é muito grave e os hospitais estão precisando de ajuda. As unidades até têm dinheiro, mas não conseguem comprar ou encontrar fornecedores de máscaras. As importações estão muito limitadas. O objetivo principal é proteger a região dos olhos, que ficam desprotegidos quando o profissional usa apenas a máscara N95", informou o médico Pedro Henrique Moraes.

Em quatro dias de projeto, 189 máscaras "faces shields" já foram produzidas. O grupo de 40 voluntários está trabalhando a todo vapor. Patricia Soares Micheletto, de 22 anos, estudante de Engenharia Mecatrônica da Universidade de Brasília, contou que o movimento também engloba a busca de doações que auxiliem na compra e na entrega de diversos materiais para os mesmo, tais como: máscaras cirúrgica e N95, luva de procedimento, álcool em gel 70%, avental hospitalar manga longa, óculos de segurança de policarbonato.

"Para as 'face shields', os voluntários, assim como eu, imprimem o suporte que vai na cabeça e repassam para a montagem, onde esse suporte é colocado junto a uma chapa transparente de PETG ou acetato, e, por fim, é colocado um elástico para que fique fixo na cabeça", explica.

Patricia Soares Micheletto está auxiliando na produção de máscaras usando impressora 3D - Arquivo pessoal/Gabrielle Rodrigues das Neves - Arquivo pessoal/Gabrielle Rodrigues das Neves
Patricia Soares Micheletto está auxiliando na produção de máscaras usando impressora 3D
Imagem: Arquivo pessoal/Gabrielle Rodrigues das Neves

Os filamentos utilizados pela estudante custam entre R$ 50 e R$ 80 o quilo. Para ela, todo o tempo e investimento é válido, já que qualquer um pode ser beneficiado pelo material doado.

"É incrível fazer parte desse projeto. Grande parte do que aprendi sobre impressão 3D foi fazendo Iniciação Científica na UnB, então pra mim é recompensador saber que tudo que me foi ensinado na universidade pode ser posto em prática para ajudar as pessoas em um momento tão difícil como esse", pontuou.

O que dizem os especialistas

O especialista em doenças infecciosas Hemerson Luz disse ao UOL que a iniciativa é bem-vinda, visto a falta de (EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para profissionais da saúde. Segundo ele, o uso das máscaras é essencial para a proteção do coronavírus.

"Essas máscaras protegem o profissional das gotículas, que é uma forma de contaminação pela doença. O infectado, por exemplo, quando fala, tosse ou espirra, libera essa gotícula. Essa máscara funciona como uma barreira. Com certeza, ajuda na prevenção e vai fazer com que o profissional não contraia o vírus", disse.

Para o infectologista do Hospital Anchieta, Manuel Palácios, o uso da máscara requer cuidado. Segundo ele, o grande problema do equipamento é o elástico usado para prender a proteção à cabeça.

"O elástico é um tecido, portanto, ele acaba absorvendo gotículas, aerossóis e não pode ser desinfectado após cada uso. O que pode ser desinfectada é a parte plástica da frente, com álcool e outras substâncias. O problema é o elástico de trás que pode contaminar o cabelo e o gorro, por exemplo. Nos hospitais, normalmente usamos tudo de plástico. Então sendo tudo de plástico fica mais fácil de desinfectar. Podemos passar álcool em toda a superfície e o vírus morre imediatamente, esclareceu.