Pessoas com câncer pedem que "saudáveis" fiquem em casa "pelo coletivo"
A pandemia de covid-19, doença causada por coronavírus, é especialmente perigosa para quem tem a saúde debilitada, como pacientes de câncer. Diante do debate sobre a necessidade de quarentena entre pessoas fora do chamado "grupo de risco", eles pedem "compaixão" e isolamento de todos.
A lógica é: como grande parte dos infectados pelo novo vírus não desenvolvem sintomas, as pessoas que continuam circulando podem carregar e transmitir a doença, que pode ser fatal para quem já luta contra um tumor.
Recém-curada de um Linfoma de Hodgkin, a estudante de direito Carol Antunes, 22, compara as limitações que teve durante a químio com a quarentena atual.
"Antes eu não podia sair porque eu corria riscos de ficar doente, e aí teria que atrasar a químio — que era a última coisa que eu queria", afirma.
Ela entrou em remissão em outubro e até o começo deste mês ainda tinha algumas restrições por causa da imunidade. Mas a sensação de vida normal durou pouco: as restrições terminaram em 6 de março, dias depois do primeiro caso confirmado de coronavírus no Brasil, quando já se cogitava a quarentena.
"Hoje vejo todo o mundo desesperado pela quarentena. Mas quando era eu, tentavam me acalmar, 'são só seis meses, você não está perdendo muita coisa'. As pessoas precisam pensar mais no coletivo e tentar se colocar no lugar dos outros".
"Eu estou em quarentena total", conta Ana Júlia Bastos, 21, estudante de enfermagem de Sobral (CE), que tem metástase pulmonar de um sarcoma. "Eu já estava em casa direto por causa do tratamento e já vinha me cuidando bastante, usando álcool e máscara, então não mudou muita coisa para mim. A diferença é que agora não posso nem sair para lugares perto de casa. O cuidado com a gente tem que ser bem maior por conta da imunidade baixa", explica.
Ela também apela para que as pessoas saudáveis "fiquem em casa e se cuidem, por vocês e por nós que temos fatores de risco".
625 mil novos casos de câncer por ano
Dados do Ministério da Saúde apontam 625 mil novos casos de câncer por ano no Brasil. Destes, mais de 180 mil acabam precisando de quimioterapia.
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) calcula orienta que cirurgias não emergenciais sejam adiadas, mas que as quimioterapias sejam mantidas.
"Tanto o câncer quanto os tratamentos oncológicos levam à redução das defesas [do corpo], e neste cenário uma infecção pode ser ainda mais grave. Então os pacientes que têm a doença ativa ou fazem a quimioterapia clássica estão mais suscetíveis à forma grave do covid-19", explica a Dra. Angélica Nogueira, diretora da SBOC. "A maioria dos pacientes que trata a doença em atividade não tem como ser suspensa. A recomendação é manter os tratamentos oncológicos", afirma.
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