Em meio ao coronavírus, preço do botijão de gás dispara em São Paulo
Resumo da notícia
- Moradores de São Paulo em quarentena começaram a estocar de dois a três botijões de gás
- Houve aumento na demanda do botijão, porque as pessoas estão ficando mais em casa e, assim, gastando mais gás, de acordo com a ANP
- Esses dois fatos resultaram em um aumento do valor do botijão de gás em diversos bairros da capital paulista
- Segundo a ANP, até o último sábado (21) o consumidor da capital paulista pagava em média R$ 67,80 por um botijão de 13 quilos
- Ontem, na região central de São Paulo, os preços variavam de R$ 80 a R$ 100, a depender da revendedora
Após o novo coronavírus ter causado as primeiras mortes no Brasil, autoridades brasileiras seguiram recomendações internacionais e orientaram a população a se resguardar em casa. Com isso, não foram raras as imagens de pessoas estocando produtos em casa, como papel higiênico e álcool gel.
Nos últimos dias, moradores de São Paulo em quarentena começaram a estocar de dois a três botijões de gás, com medo de ficar sem o produto. Um botijão de gás de 13 quilos, que é o mais comum, dura em média 45 dias, segundo o Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo).
Além do estoque, houve aumento na demanda do botijão, porque as pessoas estão ficando mais em casa e, assim, gastando mais gás, de acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo). Esses dois fatos resultaram em um aumento do valor do botijão de gás em diversos bairros da capital paulista.
Essa subida de preço acontece dias após a Petrobras anunciar uma redução de 5% no preço do gás liquefeito de petróleo (GLP) em suas refinarias, tanto para os botijões de uso residencial, quanto os de uso comercial e industrial.
Segundo a ANP, até o último sábado (21) o consumidor da capital paulista pagava em média R$ 67,80 por um botijão de 13 quilos. Esse valor dava um lucro médio de 35% às revendedoras, que pagavam em torno de R$ 50 por botijão nas distribuidoras de gás.
A professora Alvirene Góes, 41, por exemplo, afirma ter pago, ontem, bem mais no bairro onde mora, na Vila Jacuí, zona leste: R$ 230. "Eu nem estou pensando em estocar. Meu gás simplesmente acabou. A gente foi tentar buscar, e em todo lugar o preço estava absurdamente alto, mas não tive escolha, tive que pagar", diz.
A reportagem conferiu os preços em um aplicativo de delivery de botijões ontem. Na região central de São Paulo, os preços variavam de R$ 80 a R$ 100, a depender da revendedora. Já nos bairros do Limão, Mandaqui e Tucuruvi, por exemplo, todos da Zona Norte, cada botijão custava entre R$ 90 e R$ 120.
O zelador de prédio Luiz Henrique Mascaretti, 48, diz que pediu por aplicativo hoje um botijão de gás para a filha, que mora em uma casa da Barra Funda, a R$ 90. "Está mais caro do que estamos acostumados, mas imagino que com esse coronavírus, tudo vai subir o preço, a gente já tem que começar a se preparar para isso."
Problema pontual, diz ANP
A ANP, no entanto, afirma que o disparo nos preços é um problema pontual. "O abastecimento está normal. Em alguns lugares pode ter faltado botijão porque houve aumento da demanda, por dois motivos: primeiro, as pessoas estão comendo em casa, gastando mais gás; o segundo motivo é que possivelmente também tem gente estocando, desnecessariamente, devido à quarentena", informou a agência.
De acordo com o Sindigás, a demanda pelo botijão de gás está elevada, o que gerou um atraso momentâneo em alguns locais, com filas dos revendedores para retirar o produto.
"O consumidor antecipou suas compras, gerando uma corrida desnecessária para a compra do botijão. A situação está sendo monitorada permanentemente. As alterações necessárias para adequar o suprimento estarão concluídas no prazo de uma semana a 10 dias", comentou o sindicato.
O Sindigás aponta, também, que não há motivos para uma corrida dos consumidores em busca do botijão de gás. "Esse movimento gera a sensação de escassez, que não é real, e pode desencadear a subida dos preços, que são livres em todos os elos da cadeia do gás."
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