Coronavírus faz igreja que casou Eduardo Bolsonaro realizar batismos online
A pandemia do coronavírus fez com que o pastor evangélico Pedro Correia, célebre por ter realizado o casamento do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), no ano passado, inovasse a maneira de fazer batizados na Comunidade Batista do Rio de Janeiro. Desde o último sábado (4), as cerimônias de consagração têm sido realizadas pela internet, através da plataforma Zoom.
A proposta é evitar contato e respeitar orientações de isolamento social da OMS (Organização Mundial da Saúde). O religioso trocou mergulhos em água sagrada por jatos d'água na tela de um monitor, na qual o batizado tem a sua imagem projetada. Do outro lado da transmissão, o fiel joga um balde d'água na própria cabeça, concretizando a bênção.
A medida adotada pelo Pastor Pedrão, como gosta de ser chamado, encontra contudo críticas por parte dos fiéis da igreja que se mostram mais alinhados à política de Jair Bolsonaro (sem partido) —o presidente já atacou o isolamento social e chegou a se referir à doença como uma "gripezinha".
Enquanto integrantes da igreja consideram a medida um "exagero", Pedrão cita a Bíblia e dá de ombros para as críticas.
Enquanto pastor, zelo pela vida das minhas ovelhas. Não posso expor ninguém. Cancelei os cultos presenciais assim que o fim das aglomerações foi recomendado. Dias depois, soube que o pai de uma pessoa que seria batizada na igreja estava com covid-19. Imagine se ele contaminasse cem pessoas? Meu papel é defender o isolamento social
Os cultos online, que passaram a ser realizados há duas semanas, também se mostram efetivos. Segundo o pastor, até mesmo o filho 03 do presidente aderiu.
"Quando realizados presencialmente, temos 700 pessoas aglomeradas, coladas umas nas outras na igreja. Nosso último culto online, teve 4.000 espectadores e, para quem dizia que isso seria sinônimo de briga ou indisposição com a família Bolsonaro, devo avisar que o Eduardo [Bolsonaro] participou e comentou com o desenhos de duas mãos juntas, indicando que estava em oração', afirma.
No entanto, há dois dias, Eduardo Bolsonaro publicou em sua conta no Twitter um post em que diz que o fechamento de templos desrespeita a Constituição.
No último dia 31, o TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) atendeu a pedido da Advocacia-Geral da União e liberou a vigência de decreto editado por Jair Bolsonaro que colocava igrejas, templos religiosos e casas lotéricas como serviços essenciais durante a pandemia do novo coronavírus —o que significa que eles podem funcionar. Trechos do decreto haviam sido suspensos dias antes pela Justiça Federal em Duque de Caxias (RJ) em nome do respeito ao isolamento social.
Críticas de religiosos preocupam
Se as críticas relativas à discordância com a conduta de Jair Bolsonaro não o incomodam, o mesmo não pode ser dito de comentários vindos de outros pastores. Apesar de ser preocupar com as possíveis críticas, Pedrão se diz preparado para quem possa "torcer o nariz" para a inovação.
"Na Grande Comissão, Jesus disse que 'temos que ensinar, batizar e evangelizar'. Temos cultos online só por um motivo: temos pessoas querendo ser batizadas, dentre elas, pessoas do grupo de risco. Eu até poderia realizar um batizado presencial por vez, sem promover aglomerações e resguardar essas pessoas. Mas, nesse caso, estaria dando um péssimo exemplo", explica.
"Eu sei que vai ser babado, que vai ter gente falando pelos cotovelos, mas eu tenho a carcaça preparada para isso. Sou descolado na forma, mas conservador nos costumes. Não faço nada que agrida alguém", resume.
De acordo com a Comunidade Batista do Rio, já foram realizados 18 batismos virtuais. A doutrina da igreja prega que "o batismo na religião evangélica corresponde ao momento em que o fiel assume publicamente ser um seguidor de Jesus e morre para uma vida de pecados. Ao passar pelo batismo, essa pessoa ressuscita para uma vida em Cristo. Assim, tornando-se membro da nossa igreja", explica o pastor Pedrão.
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