Mandetta reaparece em coletiva e diz que não quis forçar sua demissão
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, esteve presente para a entrevista coletiva do Palácio do Planalto, na tarde de hoje, para discutir a situação do coronavírus no Brasil. Ontem, o ministro foi ausência na bancada mesmo após ter sido anunciado como participante pela Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social).
Mandetta disse que suas declarações recentes — principalmente após entrevista à Globo em que afirmou esperar "uma fala unificada e o fim da dubiedade" entre suas orientações e as do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) — não foram tentativas de forçar um pedido de demissão como titular da pasta.
"Não, não vejo nesse sentido. Acho que é mais uma questão relacionada à comunicação, como vamos nos comunicar. Nada além disso, é trabalho mesmo que estamos focados", disse Mandetta.
"A gente sabe bem o tamanho da nossa responsabilidade e vai trabalhar. Toda a equipe está trabalhando com toda a garra", completou o ministro da Saúde.
Há um consenso entre os integrantes do governo e seus apoiadores no Congresso, conforme apontou o Chico Alves em sua coluna no UOL, que que o ministro estaria forçando a barra para ser demitido.
Embora o médico já tenha informado que nem sempre estaria presente nas entrevistas coletivas, seu desfalque de ontem ocorreu um dia após a entrevista para a Globo a respeito das medidas de combate à expansão da pandemia do coronavírus.
Ontem, coube ao secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, explicar o porquê de Mandetta não ter participado da apresentação.
"Antes que vocês queiram perguntar, o ministro Mandetta pediu para que nós iniciássemos a reunião. Ele está em outro compromisso e, se der tempo, ele vai chegar ainda para dar continuidade [à coletiva] ", informou Gabbardo. O ministro não chegou a tempo para coletiva.
O Ministério da Saúde anunciou hoje que subiu para 1.532 o número de mortes pelo novo coronavírus no Brasil — são 204 óbitos confirmados nas últimas 24 horas. Até ontem, eram 1.328 mortes no total.
Este é o maior número de mortes confirmadas pelo Ministério da Saúde em um período de 24 horas. O recorde anterior no Brasil era de 141 mortes.
No total, são 25.262 casos oficiais no país, segundo o governo, com 1.832 casos novos de ontem para hoje. A pasta do governo não informa números de pacientes curados da covid-19.
Repercussão de entrevista para a Globo
Em entrevista concedida ao programa Fantástico no domingo, Mandetta afirmou que espera um alinhamento entre o ministério o e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). "Isso leva para o brasileiro uma dubiedade, ele não sabe se ele escuta o ministro da saúde ou se escuta o presidente da República", afirmou.
Em tom mais comedido que no início da pandemia, o titular da pasta também voltou a defender que a população brasileira permaneça em casa, posição contrária à defendida pelo presidente. Ainda assim, afirmou que o governo federal precisa passar uma "fala única" à população.
Na manhã de ontem, Bolsonaro afirmou que "não assiste à TV Globo" para evitar comentar a entrevista do ministro ao "Fantástico". O presidente tem uma relação conflituosa com a emissora e com a imprensa em geral, a quem acusa de perseguição. Constantemente, ataca empresas e profissionais de comunicação.
Ao fim da conversa de ontem com apoiadores na porta do Palácio do Alvorada, o mandatário evitou o contato com os jornalistas que o aguardavam na portaria, mas foi questionado à distância sobre a situação de Mandetta após a entrevista ao Fantástico. Mais uma vez, respondeu: "Para toda a imprensa: eu não assisto à TV Globo".
Na sequência, Bolsonaro entrou no carro oficial e deu ordem para que o comboio deixasse a residência oficial do governo rumo ao Palácio do Planalto.
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