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"Vírus é o inimigo, e não nós", diz enfermeira agredida em Brasília

Do UOL, em São Paulo

08/05/2020 11h31

Enfermeira há dez anos, Ana Catarine Carneiro, de 31 anos, trabalha na rede pública do Distrito Federal. Embora não esteja na linha de frente contra o coronavírus, ela decidiu ir às ruas com outros colegas, respeitando o distanciamento social, para fazer uma homenagem em memória de 55 enfermeiros, técnicos e auxiliares que já morreram em decorrência da covid-19. O grupo foi agredido por pessoas contrárias ao isolamento social.

Em depoimento à revista Veja, Ana disse que a manifestação seguia pacífica até que um grupo de pessoas que apoiam o governo federal começou a disparar ofensas. "A certa altura, um homem decidiu atacar uma colega que estava ao meu lado, filmando tudo com o seu celular. Não consegui mais ficar parada. Entrei na frente dela e me coloquei entre os dois. Esse foi o momento em que ele me empurrou", relembrou.

Ela disse que em nenhum momento antes da homenagem cogitou que o ato seria alvo de agressões, mas foi tomada por um sentimento de "abandono" quando chegou em casa. "Como é possível lutar para cuidar das pessoas se parte da população nos agride? Não faz o menor sentido", lamentou.

A enfermeira contou ter recebido várias mensagens de apoio e percebeu que a violência "vem de uma minoria". Ela ressaltou que os profissionais de saúde não são heróis, já que não dão conta de tudo e também adoecem.

"O número de profissionais de saúde não vai aumentar na mesma proporção em que cresce o número de casos de covid-19. A quantidade de pacientes tem de ficar no limite de que damos conta. Só assim derrotaremos o novo coronavírus. Ele é o verdadeiro inimigo, e não nós, enfermeiros e médicos", disse.

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