O Radar das Eleições

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Governo tenta surfar em eventual derrota de apoiados por Bolsonaro

Erros de Jair Bolsonaro no apoio a candidatos com alta rejeição estão levando o governo Lula a tentar capitalizar vitórias do centrão. Essa é a avaliação de caciques políticos e fontes do próprio governo com as quais a coluna conversou.

Para uma fonte da articulação política do governo, com exceção de São Paulo, os candidatos apoiados por Bolsonaro devem ser derrotados em praticamente todas as capitais onde disputam segundo turno por candidatos do chamado "centro democrático".

Isso inclui cidades como Belo Horizonte, Belém, Cuiabá, Curitiba e João Pessoa. Na capital da Paraíba, por exemplo, Cícero Lucena (PP) enfrenta o médico e ex-ministro Marcelo Queiroga (PL), considerado o símbolo do negacionismo bolsonarista na época da pandemia da covid-19.

"O objetivo nessas eleições é que a frente ampla democrática derrote a extrema direita", diz um auxiliar do presidente Lula.

O PL disputa o segundo turno em 11 capitais, o PT em apenas três, enquanto o centrão está em 11 confrontos —muitos com chances reais de vitória.

Para um aliado moderado de Bolsonaro, o governo não pode "pegar carona" em vitórias que são dos partidos do centrão. "Foi uma derrota fragorosa da esquerda, que saiu humilhada já no primeiro turno", afirma.

Ele admite, porém, que o ex-presidente errou ao apoiar candidaturas extremistas, que devem ser derrotadas por causa da alta rejeição, e que ele poderia agora estar apenas colhendo uma vitória muito mais ampla se tivesse colado sua imagem apenas nos candidatos de centro-direita.

Já uma pessoa de dentro do bolsonarismo acredita que foi a direita que fez o enfrentamento com a esquerda e que tirou seus candidatos do primeiro turno. Na sua avaliação, a vitória não pode ser vinculada ao centrão. Essa fonte pondera, no entanto, que faltam quadros qualificados à direita para vencer as eleições.

Para uma importante liderança de centro, os partidos do centrão venceram a esquerda no primeiro turno e vão vencer a direita no segundo turno. Ele pondera que os candidatos do que o governo chama de "frente ampla" estão apenas aceitando o apoio da esquerda na segunda etapa do pleito, mas escondendo o PT.

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"Tirando o Nordeste, o PT e o governo não vão bem em lugar nenhum. Ninguém quer o apoio do PT. A esquerda saiu muito fragilizada. Eles vão ter que se repensar", diz.

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