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Bolsonaro age com absoluta irresponsabilidade, diz colunista da New Yorker

21.mai.2020 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília - Reprodução/Facebook
21.mai.2020 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

22/05/2020 08h22

A revista The New Yorker, uma das mais importantes dos Estados Unidos, publicou hoje um artigo em que se aprofunda sobre como o Brasil tem lidado com a pandemia do coronavírus e atacou as atitudes de Jair Bolsonaro (sem partido). O texto de um colunista resume os dois meses de quarentena no Brasil e fala que o presidente "está se comportando com absoluta e determinada irresponsabilidade".

A coluna tem o título "O coronavírus atinge o Brasil com força, mas Jair Bolsonaro não está impenitente", isto é, não demonstra arrependimentos. Jon Lee Anderson, que assina o texto, conta que falou com brasileiros que estão desanimados com a situação e também com a crise política.

"Tem sido difícil manter o espírito elevado. Eu meio que desisti de ter esperança. É um desastre após o outro. Não sei se nossa democracia vai sobreviver", diz a carioca ouvida por ele.

Texto da New Yorker - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Bolsonaro é comparado, no Ocidente, com Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que também tomou medidas pouco enérgicas e defende, sem provas científicas a favor, o uso da cloroquina no tratamento da covid-19.

Mas não fica por aí. "A má conduta é pálida em comparação com o comportamento do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que está se comportando com absoluta e determinada irresponsabilidade. Desde o começo da pandemia, ele disse que a covid-19 é uma gripezinha, insistiu em dar discursos e cumprimentar apoiadores, apontando que "todos vamos morrer um dia".

"Em alguns protestos, ele foi visto tossindo repetidamente, ainda que não estivesse usando máscara em público", acrescenta.

A New Yorker cita os problemas no ministério da Saúde, com a saída de dois comandantes da pasta em menos de um mês - Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Relembra o episódio do "E daí?" e afirma que "Bolsonaro não está apenas não fazendo nada sobre isso, ele está ativamente em campanha contra os esforços de controlar a pandemia, argumentando que a quarentena parando a atividade econômica vai transformar o Brasil em uma nação pobre, como as africanas."

O artigo cita que Donald Trump vê o Brasil com cautela e que já disse que pode impedir viagens de brasileiros para lá e também aborda as preocupações com as vidas indígenas, já que a doença já se espalha pela Amazônia.

Também aponta aumento no desmatamento, um dos problemas internacionais que Bolsonaro teve com outros governantes, em meio aos perigos do aquecimento global. "Satélites que monitoram queimadas calcularam, em abril, que elas aumentaram em 64% em comparação com o mesmo período do ano passado, nos primeiros quatro meses de 2020."

O Brasil ontem registrou recorde na notificação diária de mortes pela covid-19, com 1.188, totalizando 20.047 óbitos. O país também atingiu a marca de 310.087 diagnósticos, sendo 18.508 confirmados entre quarta e ontem.