Brasileira nos EUA tem covid-19 perto, família longe e "coração apertado"
Cibele Abreu vive nos Estados Unidos desde 1997 e tem dois filhos nascidos em San Diego, na Califórnia. Ela é natural de Fortaleza (CE), para onde viaja uma vez ao ano para rever os familiares. "Mas neste ano não, por causa disso tudo", explica, em referência óbvia à pandemia de coronavírus.
Ontem o Brasil ultrapassou pela primeira vez os Estados Unidos em número de novas mortes por covid-19: foram 807 óbitos brasileiros registrados em 24 horas, contra 620 norte-americanos. Hoje, o país passou de 390 mil casos diagnosticados da doença e chegou a 24.512 mortes pela doença. Os EUA são o país com maior quantidade de óbitos pela covid-19 no mundo — 98.261, segundo o CDC (Centro para o Controle e Prevenção de Doenças americano).
Neste contexto, o UOL ouviu brasileiros que moram nos EUA e que, além da relação próxima com a doença, lidam com a preocupação com a família, a milhares de quilômetros de distância.
Cibele trabalha em um hospital, perdeu um colega em decorrência da covid-19 e sente a doença por perto. Mas sua maior preocupação é com quem está no Brasil.
"Meu coração fica muito apertado pelo Brasil, estou muito preocupada com a minha família. Esta onda passou pela Europa, bateu muito forte nos EUA, mas aqui é um país de primeiro mundo, tem alguma estrutura. Fico em desespero por minha família e por meus amigos, porque [o Brasil] é um país despreparado, e todos estão em perigo", lamenta.
O Ceará, local em que vive sua família, contabiliza 2.493 mortes por covid-19, sendo o terceiro estado mais atingido do Brasil.
"Não posso enfatizar suficientemente: fique em casa e se proteja. Chamar de gripezinha não diminui a intensidade deste vírus. Veja como tem sido em outros países... O Brasil tem que acordar", clama Cibele, em um misto de agonia e indignação.
Ela trabalha no setor financeiro de um hospital de San Diego, o Family Health Center. Tem duas reuniões diárias para falar sobre a covid-19 com a diretoria e, na última semana, recebeu a notícia da morte de um colega. "Ele era motorista, um rapaz ainda jovem, que levava e trazia pacientes para fazer exames no hospital", conta, sem esconder o abalo emocional.
"O risco que sentimos é diário, a insegurança e o medo são diários. Não estamos nada confortáveis para sair de casa, e psicologicamente todo mundo fica muito abalado. É até difícil de segurar as pontas, sabendo que a doença está tão próxima, muito mais do que a gente imagina", diz.
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