Brasil quer investigação sobre OMS antes de pandemia acabar, diz chanceler
O Brasil, em conjunto com outros países, vai propor uma investigação sobre a atuação da OMS (Organização Mundial de Saúde) durante a pandemia do novo coronavírus, segundo afirmou hoje o chanceler Ernesto Araújo. Ele não explicou como funcionaria essa "sugestão", mas disse que pretende iniciar uma empreitada por um "processo de reforma" no órgão.
Ernesto declarou ainda que considera importante acelerar o "processo de reforma" na OMS e que não estaria disposto a esperar o fim da pandemia para isso. As declarações ocorreram na manhã de hoje durante reunião periódica do chamado conselho de governo, que reúne os principais ministros e chefes de autarquias, bancos e outros órgãos importantes.
"O Brasil vê com muita preocupação a atuação da OMS, a questão da influência política e de perguntas como a origem do vírus, o compartilhamento de amostras, uso da hidroxicloroquina. Em todos esses aspectos a OMS foi e voltou atrás inúmeras vezes e isso é prejudicial", disse o chanceler.
Segundo o chanceler, "o Brasil está em conversa com Austrália e países da União Europeia para levar adiante uma investigação sobre a influência de atores políticos sobre métodos de transparência e outras questões em relação à resposta da organização à epidemia e propor uma reforma da OMS".
No entanto, ele não deu mais detalhes sobre qual seria a proposta brasileira.
Existem duas propostas sendo analisadas na Assembleia-Geral da OMS. Uma delas foi apresentada por Austrália e União Europeia sobre uma investigação sobre a origem e a expansão do novo coronavírus no mundo.
Uma outra proposta feita em cima de um texto apresentado pela UE pede uma avaliação externa especificamente da resposta em relação à epidemia de coronavírus. Esse texto tem apoio de Japão, Austrália, Canadá, Reino Unido, entre outros. Até agora, o texto pede que a própria OMS inicie uma avaliação externa "independente, imparcial e completa" da ação da Organização na epidemia.
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ameaçou deixar a OMS por divergências sobre como o órgão vem conduzindo a crise da covid-19. Na última sexta-feira, ele alertou que se a OMS não mudasse seu comportamento considerado como "ideológico" pelo Palácio, ele poderia seguir o mesmo caminho de Donald Trump (Estados Unidos) e romper com a agência.
Reunião ministerial
Diferentemente das edições anteriores, a agenda de hoje foi transmitida ao vivo em rede nacional pela TV Brasil, emissora estatal. A novidade ocorre quase duas semanas depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) divulgar o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, pivô da polêmica e de uma briga judicial entre Bolsonaro e o ex-ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública).
Em 22 de abril, segundo Moro, Bolsonaro insinuou que poderia demiti-lo caso ele se opusesse a uma troca de comando na Polícia Federal. Na versão do ex-ministro, a imposição teria representado uma tentativa de interferência política, já que o mandatário queria nomear na PF um amigo pessoal, o delegado Alexandre Ramagem.
Hoje, na abertura da agenda, Bolsonaro afirmou que o governo "daria uma demonstração do que é uma reunião ministerial". A frase sintetizou a mudança de tom em relação ao encontro realizado em abril, quando ele próprio exclamou várias palavras de baixo calão —além disso, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, chamou os ministros do STF de "vagabundos".
*Com informações da Reuters
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