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Secretária de SP critica 'politização' da vacina e falta de união nacional

Secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de SP, Patrícia Ellen, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura - Reprodução/TV Cultura
Secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de SP, Patrícia Ellen, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura Imagem: Reprodução/TV Cultura

Do UOL, em São Paulo

10/08/2020 23h20

A Secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Patrícia Ellen, em entrevista ao Roda Viva de hoje, declarou que se incomoda com a politização em torno das candidatas a vacina para a covid-19. Ela disse que não é papel do chefe do Executivo — cargo ocupado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) — escolher uma imunização em detrimento de outra.

"O Brasil tem que ter um papel de protagonismo nesse processo, a importância de ter uma vacina aqui e no mundo inteiro. A gente está perto de dois ou três projetos mais relevantes. E é o nosso dever. E não fazer um [projeto] e não outro, ou falar que um é bom e outro é ruim. É papel do líder nacional, como estadista, defender isso", disse Ellen.

A secretária também afirmou que os resultados do combate à pandemia em São Paulo teriam sido muito distintos se "todo mundo no país estivesse andando na mesma direção". Questionada sobre os embates entre o governador paulista João Doria (PSDB) e Bolsonaro a respeito da condução da crise, sinalizou críticas ao presidente da República.

"O líder nacional tem que ser um exemplo nesse processo. É muito confuso para a população quando governadores estão fazendo trabalho de quarentena, pedindo isolamento, pedindo para usar máscara, se o líder nacional não está fazendo a mesma coisa", afirmou ela.

Lockdown em SP

Apesar de não ter citado Bolsonaro diretamente, Ellen também indicou que a atuação do governo nacional na pandemia teria colaborado com a opção regional de não adotar um esquema de isolamento mais rigoroso, como o lockdown.

"Se tivesse tido um lockdown total... esses países que fizeram tinham uma coordenação nacional do processo. E o governador João Doria não hesitou em tomar medidas duras desde o início, com o fechamento de escolas, de comércio, de tudo desde o início da pandemia", disse.

A secretária foi questionada a respeito da quantidade de mortes do Estado, que registrou até hoje 25.151 óbitos pela covid-19, em comparação com países que apresentam população equivalente e menor taxa de mortos pela doença. Em resposta, disse que o governo estadual tenta adaptar as práticas de outros lugares à realidade brasileira.

Em que lugar você tem o percentual da população vivendo em favelas como aqui? As condições de desigualdade? Adoraria que a condição estrutural que a gente herdou fosse diferente, mas não é. A gente precisa reconhecer e fazer o melhor com o que tem.

Mais cedo, Ellen chegou a dizer que "é fácil falar de isolamento [em outros países] quando as casas na Europa e nos Estados Unidos têm três dormitórios".

Negociação por respiradores

A respeito da cobrança por união no combate ao novo coronavírus, Ellen deu como exemplo uma expansão na produção nacional de respiradores que, na sua opinião, poderia ter saído antes com a ajuda do governo federal.

"A gente tinha aqui três fornecedores de respiradores no Brasil e precisavam aumentar a produção. Quatro consórcios licenciados, três em operação que precisavam expandir. Só agora esses respiradores nacionais estão chegando na ponta, na quantidade que a gente precisava três meses atrás. Tenho certeza de que se tivéssemos trabalhados todos juntos ao redor do mesmo objetivo, teria sido mais célere."