Secretária de SP critica 'politização' da vacina e falta de união nacional
A Secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Patrícia Ellen, em entrevista ao Roda Viva de hoje, declarou que se incomoda com a politização em torno das candidatas a vacina para a covid-19. Ela disse que não é papel do chefe do Executivo — cargo ocupado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) — escolher uma imunização em detrimento de outra.
"O Brasil tem que ter um papel de protagonismo nesse processo, a importância de ter uma vacina aqui e no mundo inteiro. A gente está perto de dois ou três projetos mais relevantes. E é o nosso dever. E não fazer um [projeto] e não outro, ou falar que um é bom e outro é ruim. É papel do líder nacional, como estadista, defender isso", disse Ellen.
A secretária também afirmou que os resultados do combate à pandemia em São Paulo teriam sido muito distintos se "todo mundo no país estivesse andando na mesma direção". Questionada sobre os embates entre o governador paulista João Doria (PSDB) e Bolsonaro a respeito da condução da crise, sinalizou críticas ao presidente da República.
"O líder nacional tem que ser um exemplo nesse processo. É muito confuso para a população quando governadores estão fazendo trabalho de quarentena, pedindo isolamento, pedindo para usar máscara, se o líder nacional não está fazendo a mesma coisa", afirmou ela.
Lockdown em SP
Apesar de não ter citado Bolsonaro diretamente, Ellen também indicou que a atuação do governo nacional na pandemia teria colaborado com a opção regional de não adotar um esquema de isolamento mais rigoroso, como o lockdown.
"Se tivesse tido um lockdown total... esses países que fizeram tinham uma coordenação nacional do processo. E o governador João Doria não hesitou em tomar medidas duras desde o início, com o fechamento de escolas, de comércio, de tudo desde o início da pandemia", disse.
A secretária foi questionada a respeito da quantidade de mortes do Estado, que registrou até hoje 25.151 óbitos pela covid-19, em comparação com países que apresentam população equivalente e menor taxa de mortos pela doença. Em resposta, disse que o governo estadual tenta adaptar as práticas de outros lugares à realidade brasileira.
Em que lugar você tem o percentual da população vivendo em favelas como aqui? As condições de desigualdade? Adoraria que a condição estrutural que a gente herdou fosse diferente, mas não é. A gente precisa reconhecer e fazer o melhor com o que tem.
Mais cedo, Ellen chegou a dizer que "é fácil falar de isolamento [em outros países] quando as casas na Europa e nos Estados Unidos têm três dormitórios".
Negociação por respiradores
A respeito da cobrança por união no combate ao novo coronavírus, Ellen deu como exemplo uma expansão na produção nacional de respiradores que, na sua opinião, poderia ter saído antes com a ajuda do governo federal.
"A gente tinha aqui três fornecedores de respiradores no Brasil e precisavam aumentar a produção. Quatro consórcios licenciados, três em operação que precisavam expandir. Só agora esses respiradores nacionais estão chegando na ponta, na quantidade que a gente precisava três meses atrás. Tenho certeza de que se tivéssemos trabalhados todos juntos ao redor do mesmo objetivo, teria sido mais célere."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.