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Saúde prevê campanha de conscientização da vacina contra covid em dezembro

Ministério pretende conscientizar população sobre o processo de desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19 - Miguel Noronha/Futura Press/Estadão Conteúdo
Ministério pretende conscientizar população sobre o processo de desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19 Imagem: Miguel Noronha/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

19/11/2020 19h59

O Ministério da Saúde anunciou hoje que trabalha com a previsão de iniciar até dezembro uma campanha de conscientização sobre a vacina contra a covid-19. O imunizante, que tem várias versões em testes pelo mundo, é visto com desconfiança por parte da população e até pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que já reforçou por diversas vezes que ainda não há nenhuma vacina aprovada contra a doença causada pelo novo coronavírus.

Em coletiva de imprensa realizada sem a presença do ministro da Saúde Eduardo Pazuello, a pasta apresentou um Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19. O projeto vai integrar o PNI (Programa Nacional de Imunizações) e prevê dez eixos principais.

Um deles é o da comunicação, que inclui uma campanha sobre o desenvolvimento e aprovação da vacina, prevista para dezembro e janeiro. O mesmo eixo também prevê uma campanha sobre a vacinação em si, mas esta ainda sem previsão porque, segundo o Ministério, depende primeiro da aprovação de um imunizante pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

A pasta também afirmou que ainda não pode fazer planos para a vacinação porque depende de como será o perfil da vacina aprovada e adquirida pela Saúde para iniciar a imunização. Entre os dados citados como fundamentais, estão para qual faixa etária a vacina se mostrar mais eficaz, quantas doses serão necessárias e as condições e prazos de armazenamento do imunizante.

Em sintonia com o discurso de Bolsonaro sobre a vacina, o Ministério reforçou que espera a aprovação da Anvisa para garantir que uma vacina contra a covid-19 é realmente segura e eficaz.

"Este ministério tem um compromisso extremamente sério com a população brasileira de só vacinarmos quando tivermos absoluta certeza que estamos diante de uma vacina registrada pela Anvisa, com a garantia de uma eficácia e uma segurança para essa população", afirmou Arnaldo Correia de Medeiros, secretário de Vigilância em Saúde da pasta.

Candidatas avaliadas

Nesta semana, o Ministério da Saúde tem feito reuniões com os responsáveis de laboratórios de algumas das principais candidatas a vacina contra a covid-19. A pasta afirmou que tem encontros com a Pfizer e a Moderna, favoritas a terem vacinas aprovadas nos Estados Unidos, a Janssen, que é braço da Johnson & Johnson, o Instituto Gamaleya, sobre a vacina russa Sputnik V, e com o laboratório indiano responsável pela Covaxin.

O objetivo, segundo o secretário-executivo da Saúde, Élcio Franco, é elaborar memorandos avaliando os imunizantes para possíveis futuras aquisições. A iniciativa não significa que o governo brasileiro se comprometerá a adquirir nenhuma dessas vacinas.

Até agora, o Ministério só investiu no desenvolvimento da vacina de Oxford, que será produzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) caso seja aprovada. O imunizante, desenvolvido pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca, está em testes de fase três no Brasil, coordenados pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Além da vacina de Oxford, outra vacina promissora em testes no país é a CoronaVac, que é desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. As primeiras 120 mil doses do imunizante chegaram hoje ao Brasil.

A CoronaVac, porém, já foi motivo de disputa entre governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e Bolsonaro. A vacina, que é uma bandeira de Doria, chegou a ter um compromisso de compra de 46 milhões de doses feito por Pazuello, que foi desautorizado pelo presidente no dia seguinte. Desde então, Doria e Bolsonaro têm travado uma disputa política sobre o imunizante.