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5 perguntas ainda sem respostas sobre o início da vacinação no Brasil

Reuters
Imagem: Reuters

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

15/12/2020 19h30Atualizada em 15/12/2020 19h30

O governo federal estabeleceu hoje um prazo de cinco dias a partir do recebimento das vacinas pelo Ministério da Saúde para iniciar a campanha nacional de vacinação contra a covid-19. A meta é uma resposta da AGU (Advocacia Geral da União) ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Segundo o documento, o prazo passa a valer a partir da aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a chegada das doses ao complexo do governo. Como nenhuma vacina ainda foi aprovada pelo órgão regulador, o governo diz não poder dizer qual será o imunizante distribuído nem a data exata de início.

Mas estas não são as únicas dúvidas sobre o início da vacinação. O documento não explica alguns detalhes práticos do processo de envio de milhões de doses de vacina para 26 estados e o Distrito Federal em cinco dias.

Fora a vacina e a data, veja o que ainda não está claro para o início da vacinação no Brasil:

O governo já entrou em contato com alguma fabricante para garantir a disponibilidade das doses?

No plano divulgado no final de semana, o ministério prevê 108 milhões de doses com base em um "cronograma e quantitativo já firmado com a vacina AstraZeneca/Fiocruz". O documento da AGU, por sua vez, dá o prazo para a primeira vacina aprovada pela Anvisa.

Atualmente, as duas mais promissoras são a vacina Pfizer, já aprovada nos Estados Unidos e no Reino Unido, e CoronaVac, produzida pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ambas na fase 3 de testagem. Não se sabe se as fabricantes têm essa disponibilidade de doses.

O governo paulista, por exemplo, firmou um contrato de 46 milhões de doses de CoronaVac, mas, para a primeira fase de vacinação no estado, serão usados apenas 18 milhões.

Qual a estimativa de tempo entre a aprovação da Anvisa e a entrega para armanezamento pelo ministério?

O documento fala em cinco dias assim que o imunizante for "entregue no Complexo de Armazenamento do Ministério da Saúde". Ou seja, o prazo se deve à distribuição, a última etapa da cadeia, mas não considera quanto tempo levaria para a fabricante produzir e entregar as doses necessárias para o início da vacinação — o que pode durar dias, semanas ou meses.

Todos os estados e o DF receberão vacinas em até cinco dias?

O documento informa um prazo de "até cinco dias para estados e Distrito Federal", sem especificar um número. Isso significa que todos receberão em até cinco dias ou alguns receberão em cinco dias e outros terão um prazo maior?

Qual será a lógica de distribuição para os estados?

O plano cita que a oferta da vacina será feita "de maneira escalonada, considerando primeiramente a manutenção dos serviços essenciais". Com distribuição em até cinco dias, não se sabe qual será o critério de envio para os estados.

Será priorizado algum modal de transporte (conforme dividido no plano)? Cada estado receberá primeiro a quantidade necessária para o primeiro grupo (trabalhadores de saúde, pessoas de 80 anos e mais, pessoas de 75 a 79 anos, pessoas institucionalizadas de 60 anos ou mais e indígenas) ou receberão o total de uma vez? Como será feita a divisão?

Quanto o governo estima gastar nesta primeira fase?

Uma das principais críticas de especialista ao plano preliminar se tratava das brechas sobre logística. Mais detalhes e números foram dados no plano enviado ao STF. Ainda assim, não foram explicitados os custos relacionados a todo o processo: soma de compra das doses e dos insumos e de toda a logística.

Todas essas questões foram feitas ao Ministério da Saúde, mas não houve resposta até a publicação deste texto.