Aguardamos ansiosamente, diz responsável por CoronaVac na Turquia
O anúncio dos resultados do estudo clínico da CoronaVac é esperado com expectativa pelos responsáveis pelo teste da vacina na Turquia.
"Estamos aguardando ansiosamente", escreveu ao UOL o professor Murat Akova, coordenador das pesquisas sobre a vacina no país, integrante do departamento de Doenças Infecciosas da Universidade de Hacettepe, e membro da ESCMID (sigla para Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas).
Segundo Akova, o governo turco planeja iniciar a vacinação em meados de janeiro caso sejam positivos os resultados da fase 3 do estudo da Sinovac e do Instituto Butantan —dados que serão divulgados na tarde de hoje junto com a taxa de eficácia da CoronaVac. "Depois, darão uma aprovação emergencial para a CoronaVac."
Até o momento, com base nos estudos iniciais, as informações divulgadas pela Sinovac a respeito da vacina dão conta de que ela:
- tem "boa segurança";
- "é bem tolerada em diferentes grupos de idade", com estudos feitos em grupos com pessoas de 18 a 59 anos de idade, e idosos;
- tem capacidade de produzir resposta imune no organismo 28 dias após sua aplicação em 97% dos casos;
Resultados iniciais
"Parece que será uma vacina segura e efetiva contra o vírus da covid-19", afirmou Akova. Ele disse que os resultados da fase 2 "indicaram que os níveis de anticorpos produzidos pela vacina foram menores do que os encontrados após a infecção natural". "Mas, o significado desses resultados é desconhecido".
Na comparação preliminar com outras vacinas, Akova disse que "o repertório de anticorpos produzido pela CoronaVac pode ser mais rico do que os outros". "Ou seja, mais variedade de anticorpos são produzidos contra o vírus, do que as outras vacinas, que produzem apenas anticorpos contra proteínas spike." Ele faz a ressalva de que a importância desse ponto ainda precisa ser estudada.
O professor diz que ainda não se pode dizer que a CoronaVac seja a melhor vacina contra a covid-19. "Primeiro, não sabemos os resultados dos testes da fase 3. Além disso, não houve nenhum ensaio até agora comparando vacinas diferentes entre si no mesmo ensaio. Até lá, ninguém pode dizer que uma vacina é melhor que a outra."
Akova lembra que, mesmo com os resultados de hoje, os voluntários ainda serão acompanhados por até um ano para que se analise a eficácia e a segurança da vacina. "Nesta fase, apenas a aprovação de emergência pode ser feita, [mas] dependendo dos resultados favoráveis que serão divulgados hoje."
Avanço das pesquisas
Akova avalia que este momento é apenas o início de um período de pesquisas e descobertas sobre todas as vacinas. E algumas dúvidas ainda precisarão ser esclarecidos com o avanço das pesquisas, como:
- "É claro que a pergunta mais importante a ser respondida é se a aplicação generalizada das várias vacinas irá deter a pandemia de forma eficaz. Eu acho que mais dados de segurança e eficácia serão coletados após este período."
- "Por quanto tempo a eficácia persistirá é uma questão urgente que precisamos responder."
- "Também precisamos de dados se essas vacinas também podem prevenir a disseminação em vez de prevenir covid-19."
- "As combinações de vacinas podem ser outra opção de pesquisa. Ou seja, diferentes vacinas a serem usadas na mesma pessoa?"
Contra hesitação
Assim como no Brasil, Akova diz que na Turquia também há pessoas que que acham que a covid-19 não seja tão séria "ou não tão mais grave que uma gripe" e que, por isso, vacinas não seriam necessárias. Outros falam em teses infundadas, como a de que a imunização viria com um chip genético.
Por causa dessas teorias infundadas, ele acredita, "muitas pessoas tendem a hesitar em ser vacinadas". "Mas, conforme o vírus se espalha e os números de infecção e mortalidade aumentam, as pessoas começam a entender a gravidade da situação."
Na Turquia, já há o registro de quase 1,2 milhão de casos. Cerca de 18 mil pessoas perderam a vida por causa da covid-19 em um país com aproximadamente 82 milhões de habitantes.
Com uma população equivalente a quase duas Turquias e meia, o Brasil já ultrapassou a marca de 7,3 milhões de casos e está perto de chegar a 190 mil mortes.
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