Fizemos teste mais drástico que se pode fazer com vacina, diz Dimas Covas
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse hoje que a eficácia global de 50,38% da CoronaVac foi constatada em estudos clínicos realizados no Brasil porque a instituição optou pelo "teste mais drástico que se pode fazer com uma vacina". A justificativa veio após a repercussão de que o imunizante contra a covid-19 ficou por muito pouco acima do mínimo de 50% de eficácia exigido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o possível aval de aplicação.
Covas explicou que os testes realizados no Brasil são diferentes de estudos de fase 3 feitos em outros países e com outros imunizantes. O diretor do Butantan alegou que o instituto, que é ligado ao governo paulista, preferiu reunir como voluntários apenas profissionais da saúde.
"Faz uma diferença enorme. Cada estudo clínico é feito numa população definida e tem um objetivo definido. Então, no geral, as eficácias não são comparáveis. Nós teríamos que ter o mesmo tipo de estudo para comparar, não é o caso", disse Covas em entrevista à GloboNews, poucas horas após participar do evento no qual o Butantan divulgou os detalhes dos dados de eficácia.
"Nesse nosso estudo, nós fizemos o teste mais drástico que se pode fazer com uma vacina. Nós aplicamos a vacina nos profissionais de saúde, que têm um convívio diário com o vírus. Então eles estão submetidos a um alto risco, e isso foi evidenciado no estudo", acrescentou o diretor do Butantan.
Covas ainda argumentou que os 12.476 voluntários analisados até agora nos estudos tiveram uma incidência maior de contato com o novo coronavírus. Segundo o diretor, o índice de contaminação foi superior a 20%.
"Isso é totalmente diferente dos outros grupos que foram avaliados por outras vacinas, e são grupos populacionais, que são uma população normal, com incidência inferior a 5%. Esse é o único teste no mundo que usou esse tipo de população, é o teste mais radical ao qual uma vacina pode ser submetida, e a vacina teve um ótimo desempenho."
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan
Para Covas, quando a vacinação com a CoronaVac começar, a vacina deve ter índices de eficácia melhores entre a população em geral do que apresentou nos estudos clínicos.
"A partir desses dados, é possível inferir que, para as populações normais, todos esses dados, todos esses cálculos de eficácia serão muito melhores do que para essa população em especial. Acho que esse é o cuidado que se tem que ter", concluiu.
Eficácia abaixo de outras vacinas
No anúncio que detalhou a eficácia global da CoronaVac, o próprio Butantan lembrou que outros imunizantes contra a covid-19 já apresentaram taxas bem superiores. No entanto, as autoridades da Saúde e demais especialistas presentes ao evento reforçaram que o índice é suficiente para controlar a pandemia e reduzir drasticamente as internações pela doença.
Além de ficar dentro do estabelecido pela Anvisa, a eficácia apresentada pelos estudos clínicos também está na margem estabelecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que prevê o mesmo mínimo de 50%.
Outras vacinas contra a covid-19 que já estão sendo aplicadas, porém, tiveram uma taxa de eficácia maior anunciada, como a da Pfizer/BioNTech e da Moderna, responsáveis por iniciarem a vacinação nos Estados Unidos e na Europa. O imunizante da Pfizer apresentou uma taxa de 95%, e o da Moderna foi de 94,4%.
No Brasil, além da CoronaVac, o imunizante conhecido como vacina de Oxford também solicitou pedido de uso emergencial para a Anvisa na semana passada. Enquanto a CoronaVac é desenvolvida pelo Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, a vacina de Oxford é uma parceria do laboratório AstraZeneca com a Universidade de Oxford. No Brasil, o imunizante será produzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), uma instituição federal.
A Anvisa prometeu hoje uma decisão sobre os pedidos feitos pelo Butantan e pela Fiocruz até o próximo domingo (17).
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