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Promessa da era Trump, EUA montam hospital de guerra no Maranhão em 2 dias

Hospital de campanha de Bacabal foi erguido pelo Exército dos EUA em dois dias - Divulgação/Governo do Maranhão
Hospital de campanha de Bacabal foi erguido pelo Exército dos EUA em dois dias Imagem: Divulgação/Governo do Maranhão

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

10/02/2021 17h53

O município de Bacabal, a 240 quilômetros de São Luís, ganhou ontem (9) um "hospital de guerra" doado pelo governo dos Estados Unidos e montado em menos de 48 horas. A unidade vai ajudar no atendimento a pacientes com covid-19 no Maranhão.

De acordo com o estado do Maranhão, a promessa do governo norte-americano de doar o hospital de campanha foi feita em julho de 2020, no governo de Donald Trump, após pedido feito pela Secretaria Estadual de Indústria, Comércio e Energia à Embaixada dos EUA.

Hospital de guerra vai reforçar atendimento em região populosa do Maranhão, diz estado - Divulgação/Governo do Maranhão - Divulgação/Governo do Maranhão
Hospital de guerra vai reforçar atendimento em região populosa do Maranhão, diz estado
Imagem: Divulgação/Governo do Maranhão

A obra deveria ter saído do papel em agosto, mas só foi viabilizada agora, na gestão de Joe Biden, que tomou posse em 20 de janeiro.

Segundo a embaixada, a doação foi feita pelo Comando Sul do Departamento de Defesa. Ontem, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman, e a cônsul-geral do país no Recife, Jessica Simon, participaram da entrega.

A estrutura

O governo maranhense informa que o hospital tem 40 leitos para internação e capacidade de atendimento de até 300 pessoas na parte ambulatorial por dia. O local tem ainda cinco aparelhos de ar-condicionado, gerador, macas, quatro respiradores e reservatórios de água.

A parte estrutural foi desenvolvida pela empresa mexicana DLX, que enviou técnicos para trabalharem em conjunto com militares norte-americanos na montagem do hospital em Bacabal —que ocorreu entre segunda-feira (8) e ontem. A equipe da Defesa Civil que vai gerenciar o espaço recebeu treinamento especial.

Interior do hospital de campanha de Bacabal, que deve começar a funcionar na semana que vem - Divulgação/Governo do Maranhão - Divulgação/Governo do Maranhão
Interior do hospital de campanha de Bacabal, que deve começar a funcionar na semana que vem
Imagem: Divulgação/Governo do Maranhão

"Esse é um hospital de guerra, que eles usam para seus militares, montados no Golfo, no Iraque. Eles chegaram e começaram a montar na segunda-feira e ontem às 17h já nos entregaram pronto", diz o secretário estadual de Indústria, Comércio e Energia, Simplício Araújo.

O hospital custou 280 mil dólares (cerca de R$ 1,5 milhão) —pagos pelos EUA. A previsão é que ele fique em operação por pelo menos seis meses.

Estado vai operar unidade de saúde

Araújo afirma que o hospital será operado pelo governo do estado, que corre agora para agilizar os trâmites e ter profissionais que possam atuar no local. O objetivo é dar início ao atendimento até a próxima quarta-feira (14).

"Estamos fazendo a adequação do hospital, colocando mais contêineres para armazenar medicamentos, para serem usados como vestiário de médicos, para finalizar tudo", diz o secretário.

De acordo com ele, Bacabal foi escolhida para receber o hospital porque está no centro de uma região do estado com alta densidade populacional e com alguma carência na rede de assistência. De acordo com ele, a nova unidade vai auxiliar o atendimento do Hospital Macrorregional Dra. Laura Vasconcelos.

"Bacabal está na região média do estado, onde está a maior população do Maranhão. E lá todo o atendimento ao coronavírus é feito pelo governo do estado. O hospital vai reforçar o atendimento nessa área", conta Araújo.

Com a pandemia, dialogamos com vários países para termos ajuda humanitária. Os EUA, em julho, se comprometeram a mandar mantimentos e material de limpeza --que já vieram--, além do hospital de campanha. Mas ele foi feito no México, e houve entraves burocráticos. A gente estava receoso que não saísse, mas o processo foi acelerado, andou muito mais rápido após a posse do Biden.
Simplício Araújo, secretário estadual de Indústria, Comércio e Energia

Alta nas internações e lockdown

Em maio do ano passado, quatro municípios (São Luís, Raposa, São José de Ribamar e Paço do Lumiar) do estado entraram em lockdown por determinação da Justiça.

No fim de abril, a ocupação dos leitos de UTI destinados ao tratamento de covid-19 na rede estadual, em São Luís, chegou a 100%. Em relação aos leitos de enfermaria, a taxa perto de 65%.

Até ontem, o governo do Maranhão contabilizava 210.539 casos de covid-19 e 4.798 mortes por causa da doença desde o início da pandemia.

Na terça-feira (9), a taxa de ocupação de leitos exclusivos de UTI para covid-19 era de 86,51% na Grande Ilha —onde fica a capital e os outros municípios que tiveram lockdown no ano passado. Em relação aos leitos clínicos, o índice era de 60,27%.