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Saúde muda orientação e agora pede que 2ª dose da CoronaVac seja reservada

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, teve reunião com a Frente Nacional dos Prefeitos na semana passada - 19.fev.2021 - Divulgação/MS
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, teve reunião com a Frente Nacional dos Prefeitos na semana passada Imagem: 19.fev.2021 - Divulgação/MS

Guilherme Mazieiro e Nathan Lopes

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

24/02/2021 11h59

O Ministério da Saúde distribuiu ontem um informe técnico que traz uma recomendação diferente da feita pelo chefe da pasta, ministro Eduardo Pazuello, na semana passada. No documento, é dito para que estados e municípios estoquem metade das doses da CoronaVac para fazer a segunda aplicação do imunizante. Já Pazuello havia dito exatamente o oposto, que era para utilizar todo o lote na primeira dose.

Na última sexta-feira (19), o ministro disse que a CoronaVac não deveria ser estocada "com o objetivo de ampliar a vacinação e atender ainda mais brasileiros". As declarações do general constam em nota divulgada pelo Ministério da Saúde após reunião com prefeitos.

Já no informe técnico de 23 de fevereiro, o ministério faz a observação de que "ainda não há um fluxo de produção regular" da CoronaVac e que o intervalo de aplicação das doses do imunizante varia entre duas a quatro semanas. Assim, o governo federal orientou para que a segunda dose "seja reservada para garantir que o esquema vacinal seja completado dentro desse período, evitando prejuízo nas ações de vacinação".

Segundo especialistas, sem a garantia das duas doses, a imunização fica prejudicada. No caso da CoronaVac, o intervalo entre as doses é de até 28 dias. Já o imunizante da Oxford/AstraZeneca é de até três meses.

Procurado pelo UOL sobre o posicionamento de Pazuello, o Ministério da Saúde não se manifestou até o momento.

Dados divulgados ontem pelo consórcio de veículos de imprensa, do qual o UOL faz parte, indicaram que o país registrou a 3ª maior média de morte por covid.

Reclamação

A falta de uma definição sobre estocar ou não a segunda dose foi alvo de reclamação de prefeitos. Na segunda-feira (22), os prefeitos cobraram de Pazuello a oficialização do que foi negociado na sexta.

"Infelizmente essas idas e vindas de informações prejudicam o planejamento das pessoas e dos gestores lá na ponta. O ministro nos garantiu, na sexta, que poderíamos utilizar plenamente os novos lotes integralmente como primeira dose. E agora, retorna à posição original de reservar metade dos lotes para a segunda dose com uma orientação oficial", disse o presidente da Frente Nacional de Prefeitos, Jonas Donizette (PSB).

Ele afirmou que as decisões precisam se pautar por critérios técnicos, "mas é preciso trabalhar com informações confiáveis, especialmente me momento tão grave".

Novas doses entregues

A orientação foi dada no documento em que se detalha a distribuição de novos lotes de imunizantes. No total, serão entregues 2 milhões de doses da vacina de Oxford e 1,2 milhão da CoronaVac.

Desde o início da vacinação no Brasil, a orientação de reservar a segunda dose não vale para o imunizante de Oxford porque a segunda dose pode ser aplicada até três meses depois. Segundo o ministério, as doses complementares serão enviadas "em prazo oportuno a fim de completar o esquema vacinal".

Dessa forma, a remessa feita agora pelo governo pode iniciar a imunização de 2,6 milhões de brasileiros, já que o lote da CoronaVac atenderá 600 mil pessoas.