Doria sobre pedido de ajuda do governo Bolsonaro à China: "Faltou vergonha"
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ironizou hoje o pedido de ajuda feita pelo Ministério da Saúde, que enviou uma carta ao embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, solicitando a compra de 30 milhões de doses da vacina BBIBP-CorV, fabricada na China pela Sinopharm.
Em mensagem, publicada nas redes sociais, Doria relembra os sucessivos ataques ao país asiático realizados por membros do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), e agora, com o pedido de ajuda, diz que "faltou até vergonha" e "sobrou incompetência".
"Após sucessivos ataques de Jair Bolsonaro à China, o Ministério da Saúde pediu ajuda hoje ao embaixador chinês para adquirir mais vacinas do país. É inacreditável. Faltou planejamento, diplomacia, vacinas, UTIs, seringas e oxigênio. Faltou até vergonha. Sobrou incompetência", escreveu ele.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, na carta enviada, o Ministério da Saúde pede auxílio à embaixada para que o governo chinês forneça o lote, "se possível, ainda para o primeiro semestre de 2021, com possibilidade de quantidades adicionais para o segundo semestre deste ano.
"O Brasil enfrenta, hoje, nova variante do coronavírus, conhecida como P1, que se vem apresentando infecciosa e capaz de evoluir em quadro clínico grave com rapidez", diz trecho do documento, assinado pelo secretário-executivo da Saúde, Antônio Elcio Franco Filho. "O Ministério da Saúde está ciente da importância de conter essa cepa e de impedir que se espalhe pelo mundo, recrudescendo uma pandemia", acrescenta.
"Nesse contexto, muito agradeceria os bons ofícios de Vossa Excelência para averiguar a possibilidade de um Sinopharm fornecer 30 milhões de doses da vacina BBIBP-CorV, em cronograma e preço a serem acordados, se possível, ainda para o primeiro semestre de 2021, com possibilidade de quantidades adicionais para o segundo semestre deste ano", prossegue.
"O Ministério da Saúde agradece toda atenção e auxílio que a Embaixada da República Popular da China no Brasil e a Sinopharm podem oferecer ao Brasil neste momento, para aumentar a oferta de imunizantes no âmbito do Plano Nacional de Operacionalização de Vacinação Contra a Covid-19", conclui.
Integrantes do governo do presidente Jair Bolsonaro, como o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, são autores de ataques recorrentes ao governo da China. Filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que também é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, chegou a dizer que a "ditadura chinesa" é responsável pela pandemia e indicou o Partido Comunista da China como "inimigo da liberdade".
Como resposta aos ataques, a Embaixada da China no Brasil protestou em novembro ao Itamaraty e acusou Eduardo Bolsonaro de realizar declarações "infames" e de colocar em risco a relação entre os dois países.
Em janeiro, Bolsonaro rechaçou a ideia de ter minado relacionamentos do Brasil com outros países, e disse ainda que "China também precisa da gente".
"O pessoal fala 'o Brasil precisa da China', mas a China também precisa da gente. Ou você acha que a China está comprando soja para jogar fora? Compra produto do campo para jogar fora? Compra porque precisa. La está chegando na casa de 1 bilhão e 400 milhões de habitantes e é uma população que cada vez mais se torna urbana. Agora, a relação entre países... Qualquer país do mundo, existe interesse. Não existe amor. Qualquer país no mundo tem interesse, fazer negócio. E a China tem interesse no Brasil", declarou Bolsonaro, durante live realizada nas redes sociais.
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