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Gêmeos morrem com dois dias de diferença no PR; ambos tomaram 'kit covid'

Irmãos gêmeos foram internados com diferença de uma semana e morreram por covid em um intervalo de dois dias - Arquivo Pessoal
Irmãos gêmeos foram internados com diferença de uma semana e morreram por covid em um intervalo de dois dias Imagem: Arquivo Pessoal

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Chapecó (SC)

16/03/2021 18h03

Os irmãos gêmeos Genilton e Jailson Rodrigues, 47 anos, morreram com uma diferença de dois dias por covid-19 em Ponta Grossa (PR), a 116 km de Curitiba. Genilton começou a apresentar os sintomas em 8 de fevereiro, mas só foi internado em 14 de fevereiro. Já Jailson positivou para a doença em 16 de fevereiro, porém só foi hospitalizado em 21 de fevereiro. O primeiro morreu no último sábado (13) enquanto o irmão na segunda-feira (15).

Os dois inicialmente procuraram atendimento médico, mas receberam o kit covid e foram mandados para casa. Porém, o estado de saúde deles começou a piorar e precisaram ser hospitalizados em dias diferentes. O mix de fármacos que ambos tomaram continha, entre outras substâncias, azitromicina, que não tem eficácia comprovada para o tratamento da doença, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde).

"Na segunda-feira (8), ele teve dor de cabeça, um pouco de dor no corpo. E na quarta-feira (10), ele fez o teste e já deu positivo. Aí já ficou em casa tomando os medicamentos necessários, os remédios básicos para os primeiros sintomas, que é azitromizina, vitamina D, C, zinco e, se desse febre, Novalgina 1 g", contou a esposa de Genilton, Zenei Pepe Rodrigues, 48 anos.

Antes de ser internado, Genilton fez uma radiografia que constatou comprometimento no pulmão. No primeiro dia no hospital, ele ficou em um quarto com respirador, mas no dia seguinte teve uma parada cardíaca durante a madrugada, foi intubado e levado para a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do Centro Hospitalar São Camilo, que é particular. "Ele ficou na UTI até dia 13 de março, quando veio a entrar em óbito. Foi essa nossa luta por 28 dias", acrescentou Zenei.

Genilton era proprietário de um mercado e padaria e tinha três filhos - duas adolescentes gêmeas de 17 anos e um adolescente de 16 anos. Ele era casado há 21 anos.

Já Jailson deu entrada no hospital uma semana depois dele. A família primeiro tentou encontrar leito, mas sem sucesso. Apesar de não ter plano de saúde, ele foi levado para o mesmo hospital onde estava Genilton. "Ele primeiro ficou dois dias no quarto, no respirador, mas não aguentou e já teve que ir para UTI", conta a cunhada.

Na última sexta-feira (12), a família ficou sabendo que a conta no hospital já estava em R$ 110 mil e teriam que pagar 40%, segundo Zenei. Uma vizinha da família decidiu criar uma vaquinha para criar fundos e ajudar a quitar a dívida. Além disso, a esposa de Jailson vendeu um carro do marido para abater no valor da conta.

Paraná registra mais de 13 mil óbitos

Desde o início da pandemia, o Paraná já registrou 13.826 por coronavírus e 764.529 casos confirmados, segundo último boletim do governo estadual, divulgado hoje. Em Ponta Grossa, onde os irmãos estavam internados, já ocorreram 463 óbitos e 23.726 casos confirmados.

Como em outras regiões do país, o Paraná também registra alta procura nos hospitais e a taxa de ocupação nas UTI do SUS (Sistema Único de Saúde) está em 96% - com 1.567 leitos ocupados e 66 livres.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado, a instituição onde Genilton foi internado se chama atualmente Centro Hospitalar São Camilo, e não Hospital Vicentino. Além disso, a dosagem correta de Novalgina é 1 grama. As informações foram corrigidas.