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Paes critica Castro: 'temos visões diferentes do enfrentamento da pandemia'

Eduardo Paes prometeu que seguirá orientações científicas - Reprodução/Youtube
Eduardo Paes prometeu que seguirá orientações científicas Imagem: Reprodução/Youtube

Colaboração para o UOL

22/03/2021 08h39

O Rio de Janeiro terá um feriadão de dez dias, como forma de combate à pandemia da covid-19. A medida deve ser confirmada hoje e foi um dos poucos consensos da reunião de ontem, entre o governador em exercício, Cláudio Castro (PSC) e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM). Hoje Paes criticou a postura de Castro no encontro.

"Temos visões diferentes do enfrentamento da pandemia. Venho tentando buscar o consenso desde a última quarta-feira. O governador combinou comigo e com o prefeito de Niterói que buscaríamos um consenso e só então levaríamos uma única proposta para a sociedade. Não foi o que ele fez: chegou com um pacote pronto, praticamente nos impedindo de ter uma visão distinta", contou Paes em entrevista ao jornal O Globo.

A proposta do governo estadual é a antecipação dos feriados de Tiradentes e São Jorge (em 21 e 23 de abril, respectivamente), criando assim um "superferiado" entre 26 de março e 4 de abril. Mas ainda não se sabe se existirão novas restrições impostas aos setores de comércio e serviços. Eduardo Paes promete que seguirá aquilo que especialistas pedirem.

"Desde o início eu disse que o lockdown ou aumento de restrições só se faz em caso de necessidade. Se dependesse de certas opiniões, estaríamos com as praias fechadas e o Rio todo fechado desde janeiro. Quem me norteia é a ciência. Só teremos essa resposta após a análise do comitê científico. Eles é que comandam minhas decisões", comentou o prefeito.

Ciência x Política

Nos bastidores do Palácio Guanabara comenta-se que Castro teme que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) - de quem é aliado - veja com maus olhos a implantação de restrições mais rígidas de combate à pandemia no Rio.

Na última semana, Bolsonaro acionou o STF (Supremo Tribunal Federal) com uma ação de inconstitucionalidade para tentar derrubar os decretos adotados pelos governos do Distrito Federal, da Bahia e do Rio Grande do Sul para combater o coronavírus. Um desgaste dessas proporções não está nos planos do governador em exercício.

O presidente da República criticou o decreto municipal que fechou as praias do Rio neste fim de semana, para conter o avanço da covid-19 e considerou a medida uma "hipocrisia". "Vê lá o Rio de Janeiro agora, o prefeito, fiquei sabendo, o decreto fechou tudo, até praia. A vitamina D é uma forma de você evitar que o vírus te atinja com gravidade. Onde você consegue a vitamina D? Tomando sol. Uma hipocrisia", afirmou.

Ocupação de leitos acende alerta

Atualmente, o Rio tem 96% dos leitos de UTIs ocupados e 82% dos leitos de enfermarias destinadas à covid-19 ocupadas. A internação de pessoas de outros municípios na capital fluminense incomoda o prefeito e faz com que ele peça medidas integradas de combate à doença.

Na última sexta-feira, Paes declarou nas suas redes sociais que "não dá para se imaginar uma situação crítica na rede pública da cidade sem que o mesmo se repita nos demais municípios".