Saúde volta atrás sobre mudança em registro de mortos após críticas
O Ministério da Saúde voltou atrás e suspendeu o preenchimento obrigatório em registro de mortos em decorrência da covid-19 no sistema Sivep Gripe na tarde de hoje. A informação foi confirmada por usuários do sistema ao Estadão Conteúdo. A suspensão ocorreu depois de repercussão negativa à medida adotada anteriormente.
Conforme revelou o jornal "Folha de S.Paulo", a pasta passou a exigir algumas informações às secretarias —como preenchimento de CPF, CNS (Cartão Nacional de Saúde), nacionalidade etc—, o que fez com que o número de mortes em decorrência da covid-19 caísse artificialmente. O governo de São Paulo foi o primeiro a detectar o problema.
Ainda de acordo com a reportagem, a mudança alterou, por exemplo, o registro de óbitos em São Paulo: na terça, o número de mortes por causa da covid no estado chegou a 1.021, o maior já registrado em toda a pandemia; já nesta quarta foram 281 óbitos (nas últimas 24 horas).
Um técnico do Ministério da Saúde informou à publicação que também houve um problema de instabilidade no Datasus, que cuida do sistema de informações da pasta. A inserção do CPF não teria puxado dados dos pacientes automaticamente.
Após a divulgação do caso, o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) pediram ao Ministério da Saúde a retirada de alguns dados no sistema Sivep Gripe.
Entre os dados solicitados estão a retirada temporária da obrigatoriedade do preenchimento dos campos CPF ou CNS, nacionalidade e imunização do paciente internado. "Isso viabilizaria um período de transição para adequação do registro destas informações nos serviços de saúde", explicaram os conselhos.
No mesmo comunicado, os órgãos explicaram que estados e municípios não foram informados a tempo.
Ao mesmo tempo em que era divulgado o comunicado, o ministro da Saúde informou que não tinha conhecimento da mudança no sistema. "Depois que eu sair daqui vamos observar o que está acontecendo", afirmou. Logo após a entrevista, o Ministério da Saúde voltou atrás na decisão de incluir dados como CPF, CNS, nacionalidade e imunização do paciente internado.
De acordo com Queiroga, a intenção não era maquiar os dados. "Eu não sou maquiador, eu sou médico. Minha função não é maquiagem, minha função é salvar vidas. Então, vamos construir um novo ambiente. Eu estou dizendo aqui para vocês que precisamos criar um ambiente novo, um ambiente de harmonia, um ambiente onde os profissionais de saúde possam trabalhar em paz", disse.
O Brasil ultrapassou hoje as 300 mil mortes por covid-19 em meio a uma sequência de recordes negativos da pandemia e a uma situação de colapso nos sistemas de saúde de todas as regiões.
* Com informações do Estadão Conteúdo
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.