Vacina: 40% dos municípios não têm condições adequadas para armazenar doses
Um levantamento realizado pelo movimento Unidos pela Vacina e pela Locomotiva Instituto de Pesquisa apontou que 40% dos municípios brasileiros possuem geladeiras em condições inadequadas para o armazenamento das doses de vacina contra a covid-19 em seus postos de saúde.
O estudo, que contou com a participação de gestores da saúde de 5.569 municípios do país, também identificou as principais carências e dificuldades no processo de vacinação e no combate ao avanço da pandemia.
A pesquisa constatou que, além dos problemas nas geladeiras, 35% dos municípios não possuem salas de vacinação nas condições ideais e 25% necessitam de melhorias na infraestrutura no que diz respeito às caixas térmicas para uso nas salas de vacina ou para o transporte dos imunizantes.
De acordo com Ethel Maciel, pesquisadora e enfermeira com pós-doutorado em epidemiologia, geladeiras sem as condições adequadas como alarmes e condições de manter a constância da temperatura, podem prejudicar a eficácia do imunizante.
"Uma geladeira que não tenha condições de manter a temperatura não garante uma condição adequada da qualidade da vacina. São necessárias medidas que garantam a eficácia dos imunizantes", afirmou.
O virologista Rômulo Neris, que é doutorando em imunologia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), também destacou que um cenário sem as condições adequadas de armazenamento é crítico.
O ideal é a gente não ter temperaturas muito altas ou muito baixas para armazenar essas vacinas, variando de dois a oito graus mais ou menos. Uma temperatura muito alta ou muito baixa, com variação, pode prejudicar a eficácia da vacina. A gente espera que uma agência de saúde tenha um dispositivo e equipamento adequados. Então, por exemplo, não ter geladeira em um cenário onde a gente precisa armazenar a CoronaVac é crítico.
Rômulo Neris, virologista
Outros problemas de infraestrutura apontados pela pesquisa foram que 15% dos municípios brasileiros não possuem pias com sabonetes e itens básicos de higiene em todas as suas unidades de saúde e que 32% não possuem termômetros em quantidade suficiente para atender todas as caixas térmicas.
Baixa vacinação aos finais de semana
Outro dado que chama a atenção no estudo é que mais da metade dos municípios brasileiros não aplicam vacinas aos finais de semana. Dos 5.569 municípios, apenas 48% possuem unidades de saúde abertas aos sábados e domingos para a aplicação dos imunizantes.
Entre os municípios que realizam a vacinação nos finais de semana, a maior parte possui uma população superior a 100 mil habitantes. Dentre os municípios com uma população de até 10 mil habitantes, apenas 42% aplicam os imunizantes aos sábados e domingos. O percentual sobe para 50% quando a população varia entre 10 mil e 100 mil habitantes e para 72% em populações acima de 100 mil habitantes.
Em relação à vacinação em domicílio, de acordo com o mapeamento de grupos prioritários, 99% dos municípios brasileiros adotam a estratégia. A imunização em postos volantes ou no sistema drive-thru acontece em 67% das cidades, sendo que 92% das cidades com população acima de 100 mil habitantes adotam a medida.
Em relação ao registro das doses de vacina aplicadas, que são lançadas no sistema online do Ministério da Saúde, em 19% dos municípios a maioria das unidades de saúde nem sequer possui acesso à internet.
Em 81% das cidades, a maioria das unidades de saúde possuem conectividade para fazer o registro da vacinação em tempo real. Em 12%, o registro é feito diretamente no computador, mas sem conectividade e, em 7%, nem há computadores disponíveis, sendo feito um registro manual para posteriormente ser digitalizado e lançado no sistema online.
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