Conass alerta para escassez de vacinas para próximos dois meses no Brasil
O presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Carlos Eduardo Lula, alertou hoje para o cenário de "escassez" de vacinas contra a covid-19 nos próximos dois meses no Brasil, durante audiência pública promovida pelo Senado.
"Eu acho que a gente tem um cenário difícil, dificílimo. Para os próximos dois meses a gente deve ter um cenário de escassez de vacinas, isso é preciso ser dito. A gente não sabe o que vai acontecer com a Índia, onde há um recrudescimento muito grande da doença, que é o maior portador de IFA [Insumo Farmacêutico Ativo], a gente não sabe o que pode acontecer", disse Carlos Eduardo Lula.
Até agora, o Brasil vacinou 27.523.231 pessoas, o equivalente a 13% da população nacional—349.900 receberam a primeira dose da vacina somente nas últimas 24 horas; 228.938, a segunda. O levantamento é do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, com base nos dados fornecidos pelas secretarias estaduais de saúde.
Durante o encontro, Lula avaliou ainda que desde o início da pandemia há um grande conflito federativo no Brasil.
"A gente não conseguiu unir os esforços da União aos de estados e municípios para ter uma condução unificada e coerente das medidas que precisavam ser implementadas. A gente sabe que muitas medidas, do ponto de vista sanitário, são complexas e difíceis e trazem consequências econômicas e sociais, mas a dicotomia entre economia e saúde é uma dicotomia falsa", relatou.
Além da falta de uma coordenação nacional para as ações, Carlos Eduardo disse que o Brasil esbarra em uma baixa cobertura vacinal, por causa da falta de imunizantes para atender o mercado mundial e no financiamento insuficiente da saúde.
"A gente já estimava, Conass e Conasems [Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde], que haveria uma diminuição no final de abril para meados de maio, e isso é verdade, só que essa diminuição do número de óbitos ocorreu num processo muito mais lento do que a gente esperava", disse.
Segundo Lula , as novas variantes da covid-19 —são 92 em circulação— sendo a mais comum no Brasil a descoberta em Manaus, têm afetado de maneira muito mais grave a população mais jovem, o que tem estabilizado a doença "em um patamar muito alto".
"Isso quer dizer que a gente continua com um número muito alto de internados e deve continuar, infelizmente, com um número muito alto de óbitos por essa razão", avaliou. Outro problema destacado pelo Conass aos senadores foi a falta de financiamento adequado da saúde.
Antes da pandemia, o presidente do Conass disse que entre leitos adultos e pediátricos havia um déficit histórico de, pelo menos, 13 mil vagas de UTI a serem financiados pelo Ministério da Saúde.
"Ainda há esse déficit. A gente tem 19 mil leitos e tem pouco mais de dez mil que o ministério [da Saúde] hoje financia. Há nove mil leitos ainda a serem financiados. Isso aqui da forma mais transparente possível, colocando o que a gente tem de dados publicados no Diário Oficial da União", pontuou.
*Com informações da Agência Brasil
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