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Conass atribui 400 mil mortes por covid a erros do governo e falsos dilemas

Conass critica governo Bolsonaro no dia que o país atinge a marca de 400 mil mortos por covid-19 - Michael Dantas/AFP
Conass critica governo Bolsonaro no dia que o país atinge a marca de 400 mil mortos por covid-19 Imagem: Michael Dantas/AFP

Do UOL, em São Paulo

29/04/2021 20h45Atualizada em 29/04/2021 20h45

O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) afirmou hoje que a marca de 400 mil mortos por covid-19 no Brasil reflete erros do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e a ausência de uma coordenação centralizada no nível federal.

Em carta, assinada pelo presidente Carlos Lula, o Conass diz que as autoridades brasileiras "desprezaram" a gravidade da pandemia e "invocaram um falso dilema entre saúde e economia" —o discurso é repetido por Bolsonaro e membros do governo, que criticam as medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos.

"O número [de 400 mil mortos] reflete a dor de famílias que perderam pais, avós, filhos e irmãos de forma rápida, violenta e muitas vezes solitária. Reflete também erros de condução e a ausência de coordenação centralizada no nível federal".

Ainda segundo o Conass, autoridades máximas do país "preferiram depositar esperanças em terapias mundialmente consideradas ineficazes". É uma referência ao chamada tratamento precoce, recomendado pelo governo, que inclui medicamentos como a hidroxicloroquina, sem comprovação científica contra a covid.

"O Conselho Nacional de Secretários de Saúde insiste na necessidade de ampliar a vacinação. O Programa Nacional de Imunizações, referência internacional, tem potencial para realizar essa tarefa de forma rápida, desde que os insumos estejam disponíveis".

Iniciada em janeiro, a vacinação no Brasil evolui lentamente. Apenas 14,74% da população recebeu pelo menos uma dose da vacina contra covid-19 —nesta semana, cidades em 17 estados suspenderam suas campanhas de vacinação por falta do imunizante CoronaVac.

Apenas somando esforços poderemos frear a epidemia no país. Os números da epidemia hoje apresentados somente não são maiores graças à força do SUS e à incansável dedicação dos profissionais de saúde"
Trecho da carta divulgada pelo Conass

"O Ministério da Saúde tem um papel fundamental de coordenar as ações. Que sejam adotadas de forma precisa, amparadas na ciência, para garantir a prevenção de novos contágios, facilitar o diagnóstico oportuno de doentes e a assistência a todos os brasileiros".

Nesta quinta-feira (29), o Brasil superou mais de 400 mil mortes por covid-19. A marca foi alcançada 19 dias depois de o país contar 350 mil vítimas da pandemia e pouco mais de 13 meses após o primeiro óbito confirmado. Desde as 20h de ontem foram registradas mais 1.678 vidas perdidas, totalizando 400.021 mortes em decorrência do novo coronavírus.

Os dados são do consórcio de veículos de imprensa, do qual o UOL faz parte, e que apura os números de casos e óbitos com as secretarias estaduais de Saúde. O Brasil já está há 98 dias com a média móvel de mortes acima de mil.

De acordo com o levantamento da Universidade Johns Hopkins, o Brasil ocupa o segundo lugar no número de óbitos em decorrência da doença, atrás apenas dos Estados Unidos, com mais de 500 mil mortes. Quanto ao número de casos, o país ocupa a terceira posição, atrás de Estados Unidos e Índia, que enfrenta uma alta acelerada de infectados. De acordo com o consórcio de imprensa, o Brasil tem 14.541.806 casos.