Doria diz que Saúde esqueceu 100 mil doses em depósito; ministério rebate
O governo de São Paulo e o governo federal travaram hoje mais um capítulo no embate público sobre a vacinação no Brasil. Nesta manhã, o governador João Doria (PSDB-SP) acusou o Ministério da Saúde de ter esquecido pelo menos 100 mil doses da vacina CoronaVac em um depósito no estado. O governo federal rebateu dizendo que as vacinas ficaram lá propositalmente.
A discussão trata de um lote de 104 mil doses da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, que ficaram em um galpão no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, entre os dias 22 e 28 abril. Segundo Doria, as doses foram esquecidas. A Saúde, por sua vez, informou que elas estavam esperando outro lote para serem distribuídas.
"Inacreditável. 100 mil doses da vacina do Butantan esquecidas pelo Ministério da Saúde em centro de distribuição em São Paulo. O povo precisando de vacinas e o governo federal esquece vacinas em depósito. Vergonhoso", criticou Doria, em seu Twitter, sem apresentar provas.
Nesta tarde, em visita a um galpão que receberá as vacinas da Pfizer nesta noite, também em Guarulhos, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, negou que as vacinas tenham sido esquecidas e afirmou que elas foram entregues antecipadamente pelo Butantan e ficaram lá desde o dia 22 de abril por causa da pouca quantidade.
O pedido antecipação se deu por causa de uma determinação judicial de envio de 75 mil doses ao estado da Paraíba, que passou a atrasar a aplicação da segunda dose. "O Butantan conseguiu antecipar para o ministério, no dia 22 de abril, foram 180 mil doses. Dessas, 75.100 foram enviadas à Paraíba para cumprimento da decisão. As outras foram encaminhadas ontem [28]", afirmou Cruz aos jornalistas.
Segundo ele, as 104 mil doses que "sobraram" ficaram armazenadas no galpão desde o dia 22 para esperar o novo lote da vacina AstraZeneca, entregue também nesta quarta. Com isso, o ministério diz que as doses já foram remetidas as estados e distribuídas. "Então, é importante frisar que essas doses não estavam perdidas", declarou Cruz.
Ao UOL o Butantan confirmou que 180 mil doses do lote de CoronaVac previstos para a próxima segunda (3) foram entregues no dia 22 " em caráter de urgência" e que os outros 420 mil serão enviados amanhã (30).
"Cabe ao Ministério da Saúde coordenar e planejar a campanha de vacinação em todo o Brasil, incluindo a logística de distribuição de doses e as orientações técnicas aos estados", completou o instituto.
Após suspensão de vacinação contra a covid-19 em algumas cidades, como consequência da falta de insumos para sua produção, o Ministério da Saúde anunciou que a partir de hoje deve começar a enviar 104,8 mil doses de CoronaVac para os estados. O atraso na entrega de um novo lote do imunizante levou cidades de ao menos 11 estados do Brasil a suspenderem a imunização esta semana.
A interrupção aconteceu em Alagoas, Amazonas, Espírito Santo, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Segundo a TV Globo, Amapá, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia também registraram suspensão da aplicação de doses.
No Rio de Janeiro, pelo menos 10 cidades interromperam a imunização, entre elas Duque de Caxias, Maricá, Mesquita, Nilópolis e Nova Iguaçu — as outras cinco não foram divulgadas. Nestes lugares, não há previsão de chegada de mais vacinas. Em alguns lugares, todo o estoque foi usado para aplicação da primeira dose, como orientou o Ministério da Saúde.
No Rio Grande do Sul a situação é preocupante porque mais de 260 mil pessoas já receberam a primeira dose e estão com o cronograma da segunda ameaçado. Em Canoas, a suspensão da aplicação da segunda dose teve início anteontem e deve atingir ao menos 10,2 mil pessoas.
Remédios vencidos em depósito
Na semana passada, remédios vencidos que serviriam para tratar pacientes da covid-19 também foram encontrados no Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá (MT). O caso foi denunciado ao Ministério Público por vereadores que fizeram uma vistoria no local.
Foram encontrados medicamentos como amoxicilina, ibuprofeno, ritalina, anestésicos, dipirona, paracetamol, de acordo com os vereadores Maysa Leão (PP) e Diego Guimarães (Cidadania).
O espaço onde os remédios vencidos foram encontrados é usado pela SMS (Secretaria Municipal de Saúde) para armazenar os insumos e organizar a distribuição para as unidades de saúde da capital de Mato Grosso.
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