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"Quero Pfizer": vacina é preferida em postos, mas Saúde desencoraja escolha

Marcos Hahn, que foi a outra UBS para se vacinar com a Pfizer - Anahi Martinho/UOL
Marcos Hahn, que foi a outra UBS para se vacinar com a Pfizer Imagem: Anahi Martinho/UOL

Anahi Martinho

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/05/2021 04h00

A UBS (Unidade Básica de Saúde) Nossa Senhora do Brasil, na Bela Vista, região central de São Paulo, recebeu na quarta-feira (26) um lote com 600 doses da vacina contra covid-19 da Pfizer/BioNTec. Por volta das 15h, as unidades destinadas para a primeira dose já haviam acabado.

Aceita nos Estados Unidos e União Europeia, com menos casos de efeitos colaterais relatados e maior eficácia, a vacina da Pfizer tem sido a queridinha de quem pretende viajar para fora do país. A vacina de Oxford/AstraZeneca também é aceita nestes países, mas a CoronaVac ainda não. A Secretaria Municipal da Saúde desencoraja a escolha.

Foi o caso de Marcos Hahn, 40, que é treinador de atletas de fisiculturismo e precisa viajar com frequência para competições internacionais. Após se informar de que não tinha mais doses da Pfizer na UBS Nossa Senhora do Brasil, ele foi orientado por funcionários a ir à UBS Humaitá, a 1 km dali.

"Estou esperando a da Pfizer porque me possibilita ter mais liberdade de viagem para a Europa e Estados Unidos. É a mais aceita em outros países", diz. A Secretaria Municipal da Saúde, porém, pede que a população não escolha a vacina (leia mais abaixo).

Já Roderick Kobayashi, 60, tinha mais pressa de tomar a vacina do que vontade de escolher. Ele foi à UBS Milton Santos, no bairro da Saúde, zona sul, no primeiro dia em que abriu a vacinação para sua idade.

"Tomaria qualquer uma que tivesse no dia. Mas tinha uma ordem de preferência sim. Preferia a Pfizer, em segundo lugar a CoronaVac e, em terceiro, a AstraZeneca", disse, citando os efeitos colaterais como principal motivo.

Roderick Kobayashi, que tomou a vacina da Pfizer - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Roderick Kobayashi, que tomou a vacina da Pfizer
Imagem: Arquivo Pessoal

"Fui bem de manhãzinha para tentar tomar a da Pfizer, porque sabia que iriam começar com ela. Tinha 600 doses e acabou rapidinho. Mas se não conseguisse, tomaria qualquer uma", afirma. Ele conseguiu tomar a da Pfizer e está com a segunda dose marcada para julho.

A irmã Maria do Bonfim, 52, por sua vez, diz que a melhor vacina é que estiver disponível. Portadora de hipertensão, ela é membro da Congregação das Irmãs de Santa Catarina. "Vai ser a que tiver", disse a freira, que tomou a AstraZeneca, na UBS Nossa Senhora do Brasil.

A irmã Maria do Bonfim, que foi vacinada com AstraZeneca - Anahi Martinho/UOL - Anahi Martinho/UOL
A irmã Maria do Bonfim, que foi vacinada com AstraZeneca
Imagem: Anahi Martinho/UOL

Anete Veloso, 60, agente de saúde que trabalha no local afirma que muita gente está fazendo questão da Pfizer, atitude que ela lamenta. "Todo mundo quer a Pfizer. Infelizmente tem gente que quer escolher. Acho que tem que pegar o que temos, nenhuma é melhor que a outra. Mas a decisão cabe à pessoa", diz Anete.

Das três vacinas contra covid-19 aplicadas atualmente no Brasil, todas foram aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e têm eficácia comprovada contra o novo coronavírus.

"Dei sorte"

Eliene de Souza, 70, já vacinada com duas doses da CoronaVac, foi à UBS Humaitá, também na Bela Vista, para acompanhar a filha Emiliana Queiroz, 36, que é professora de educação física em academias e personal trainer. Ela se vacinou com a Pfizer. "Deu sorte", disse a mãe.

A coach Teresa Guerra, 50, asmática grave, também se sentiu sortuda por conseguir uma dose da Pfizer na mesma UBS. Ela está com viagem marcada para o Canadá para fazer um curso de inglês de seis meses.

"Vim preparada para tomar aquilo que tivesse, CoronaVac ou Pfizer. Mas dei sorte", diz. O Canadá permite a entrada de pessoas vacinadas com qualquer uma das três vacinas disponíveis no Brasil.

Saúde desencoraja escolha

O secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, já fez um apelo para que a população não escolha qual vacina tomar.

Procurada pelo UOL, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) afirmou, por meio de um comunicado, que "a pasta orienta que não seja feita escolha de um imunizante e nem que a vacinação seja atrasada por isso", diz a nota.

"O município dispõe de doses suficientes de vacinas contra covid-19 para vacinar o público elegível e, neste momento, estão disponíveis os imunizantes da Pfizer e da Oxford/AstraZeneca para a primeira dose e CoronaVac exclusivamente para a segunda dose. A vacina da Pfizer é utilizada prioritariamente por ter prazo de validade mais curto em relação à da Oxford/AstraZeneca, devido ao processo de descongelamento e seguindo as orientações do fabricante."