Topo

Esse conteúdo é antigo

Coordenador da Pfizer diz prever muitas doses produzidas no Brasil em 2022

Do UOL, em São Paulo

26/08/2021 13h25Atualizada em 26/08/2021 15h39

Cristiano Zerbini, coordenador de testes clínicos do laboratório Pfizer — responsável pela vacina de mesmo nome contra a covid-19 —, declarou que a previsão é haver a disponibilização de grandes lotes do imunizante, em 2022, feitos em território nacional. A fala do coordenador ao UOL News ocorre após a Pfizer fechar parceria com o laboratório Eurofarma, que produz medicamentos genéricos para a produção da vacina no Brasil.

A expectativa é que o laboratório brasileiro tenha capacidade para produzir mais de 100 milhões de doses por ano, que devem começar a ser entregues em 2022, segundo o comunicado do laboratório.

"É uma excelente notícia. Nós temos agora a possibilidade de ter a vacina da Pfizer produzida aqui no Brasil. Essa fábrica está sendo montada, o equipamento vai chegar em breve e a previsão é que a gente tenha um lote grande de vacinas já produzidas no Brasil em 2022. (...) Vai beneficiar não só o Brasil, mas toda a América Latina."

Para o coordenador, a parceira vai ajudar a melhorar a logística das entregas da vacina no país visto que o processo atual é muito mais burocrático. Hoje, as doses prontas vêm de avião de Miami, nos Estados Unidos, e desembarcam no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). Em seguida, são distribuídas pelo Ministério da Saúde para os estados.

Zerbini declarou que a vacinação está avançando no Brasil, mas agora novos grupos — os adolescentes, idosos com mais de 70 anos e imunossuprimidos — também precisam da aplicação do imunizante da Pfizer/BioNTech.

Os idosos e os imunossuprimidos precisarão receber uma dose de reforço da vacina em razão de uma queda "pequena, mas significante" da eficiência dos imunizantes nesses grupos. Um estudo de pesquisadores do Reino Unido apontou que proteção contra covid-19 oferecida por duas doses das vacinas Pfizer e AstraZeneca começa a cair em cerca de cinco meses.

A eficácia do imunizante da Pfizer na prevenção da infecção por covid-19 caiu de 88% no mês após a segunda dose para 74% depois de cinco a seis meses

"Nós precisamos de muitas doses de vacina. Tanto para os idosos e pacientes imunossuprimidos como também para os adolescentes e para a criança. Então, esse aporte de 100 milhões de vacinas é muito bem-vindo."

O coordenador de testes da Pfizer disse acreditar ainda que a transferência de tecnologia para a produção do imunizante no território nacional deverá ser completa, sem a dependência do envio de IFA (ingrediente farmacêutico ativo) do exterior para a fabricação da vacina no Brasil.

3ª dose no Brasil

Ontem, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que o país começará a aplicar a terceira dose (ou dose de reforço) da vacina contra a covid-19 a partir de 15 de setembro em idosos acima de 70 anos e imunossuprimidos.

Mais tarde, em entrevista ao UOL News, a Secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite, afirmou que a aplicação da terceira dose será "preferencialmente" com a vacina da Pfizer, mas também poderá ser feita com outra vacina de vetor viral, como da Janssen e da AstraZeneca.

Segundo ela, a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, não deverá ser utilizada na campanha, o que gerou críticas por parte do governo paulista.

Ao UOL News, Zerbini declarou que a Pfizer está fazendo estudos sobre a 3ª dose, mas a sua opinião pessoal, baseada em estudos populacionais, uma terceira aplicação "será necessária para aquelas vacinas que têm duas doses".

O coordenador também comentou um estudo da Johnson & Johnson que apontou que uma segunda dose da vacina desenvolvida pela Janssen, laboratório que faz parte do grupo, contra a covid-19 aumenta em nove vezes os níveis de anticorpos contra o coronavírus. A vacina da Janssen é de dose única.

Zerbini finalizou dizendo que, antes de tudo, é preciso vacinar todos os brasileiros com duas doses ou com o imunizante de dose única para a conclusão do ciclo vacinal da população.