Fabricante, datas e diálogo com Queiroga: o que falta para a 3ª dose em SP
O governo de São Paulo anunciou ontem que deverá aplicar a terceira dose da vacina contra a covid-19 em idosos de 60 anos para cima a partir do dia 6 de setembro. Feito horas depois de o Ministério da Saúde implementar a medida nacionalmente, o anúncio careceu de alguns detalhes.
O PEI (Programa Estadual de Imunização) já vinha avaliando a possibilidade da atualização no esquema vacinal desde a semana passada, mas, até então, nada estava garantido. Ontem, a decisão do estado foi anunciada antecipadamente: o governador João Doria (PSDB) disse que o assunto seria debatido em reunião na noite de hoje e anunciado amanhã.
Com a declaração do ministro Marcelo Queiroga, Doria acabou por falar sobre os planos para o estado, mesmo estando um anúncio diretamente relacionado ao outro. Questões como o fabricante usado na dose adicional e detalhamentos do calendário devem ser sanadas, em parte, na reunião do PEI de hoje à noite. De resto, depende do diálogo com o governo federal.
Calendário
As coletivas do governo estadual sempre foram conhecidas pela apresentação de calendários organizados e preparados com antecedência, exibidos nos telões, com projeções detalhadas do tema.
Desta vez, não só não houve PowerPoint como um calendário com a projeção das doses ainda não foi apresentado. Até o momento, sabe-se que o escalonamento vai ser feito de acordo com a idade, em ordem decrescente, sob a regra de que os idosos tenham sido vacinados com a segunda dose há pelo menos seis meses.
Além dos idosos, outro grupo que tem mostrado queda na imunidade são os imunossuprimidos transplantados. No anúncio nacional, o grupo começa junto dos idosos. No estadual, a promessa é de que a proposta seja analisada hoje.
Pfizer e vacinação de adolescentes
Outro fator que tem fomentado debates é a possibilidade da aplicação da terceira dose interferir no calendário de vacinação de adolescentes, anunciado em julho. Jovens de 16 e 17 anos devem começar a ser vacinados a partir de segunda (30), e o grupo de 12 a 15, a partir do dia 6, junto à terceira dose dos maiores de 60 anos.
A questão é que, com a rejeição da CoronaVac pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na semana passada, a Pfizer é o único imunizante liberado no país para essas faixas etárias — e é este também o imunizante mais indicado pelo Ministério da Saúde para a terceira dose.
O governo estadual já afirmou que a terceira dose poderá ser aplicada com qualquer vacina, não necessariamente da mesma fabricante das outras duas, embora a indicação seja que haja mistura entre fabricantes. Diferentemente do ministério, em São Paulo também será usada a CoronaVac para esta dose.
Sobre isso, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que a exclusão dos planos da pasta federal vem de "decisão pessoal": "A CoronaVac acrescenta, como terceira dose, um aumento de até cinco vezes a estimulação de anticorpos, então isso não está baseado em regra técnica, é uma preferência do ministro para atingir a CoronaVac", disso ontem ao lado de Doria.
Com isso, a Secretaria Estadual de Saúde garante que tem doses o bastante e que os calendários não serão afetados. No entanto, para membros do Centro Científico e outros especialistas, privilegiar a Pfizer para a terceira dose em vez dos adolescentes é uma discussão que precisa ser feita.
Anúncio adiantado
Embora o Comitê Científico tivesse dado o parecer favorável à adoção de mais uma dose para estes grupos em reunião nesta semana, o governo estadual não tinha planejado fazer o anúncio tão cedo.
Em coletiva no Instituto Butantan pela manhã, Doria havia dito que, para São Paulo, a decisão só sairia no final da semana.
"É a pauta principal do PEI. Provavelmente, tendo essa decisão amanhã [26], nós anunciaremos na sexta-feira [27] esta decisão. Todas as decisões da vacina são previamente com o Comitê Científico e o PEI, com cerca de 40 pessoas que se reunem toda semana", disse ontem o governador.
A questão, argumentou o governo, é a quantidade de doses disponíveis. Atualmente, o estado vacina adolescentes de 12 a 17 anos com comorbidades. A possibilidade cogitada pelo estado seria adiantar as segundas doses de AstraZeneca e Pfizer, como também anunciou o Ministério, para depois retomar o calendário pelos idosos.
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