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Governo de SP apura se CoronaVac e AstraZeneca foram usadas em adolescentes

17 mar. 2021 - No Instituto Butantan, Jean Gorinchteyn, secretário da Saúde de SP, participa de liberação de novos doses da CoronaVac para o PNI - Sergio Andrade/Governo do Estado de São Paulo
17 mar. 2021 - No Instituto Butantan, Jean Gorinchteyn, secretário da Saúde de SP, participa de liberação de novos doses da CoronaVac para o PNI Imagem: Sergio Andrade/Governo do Estado de São Paulo

Do UOL, em São Paulo

16/09/2021 22h36Atualizada em 17/09/2021 08h47

O secretário de Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, disse hoje que o governo investiga se adolescentes foram vacinados com os imunizantes não recomendados — AstraZeneca, CoronaVac e Janssen — para a aplicação neste grupo. A Pfizer é a única vacina com autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a aplicação em adolescentes de 12 a 17 anos no território nacional.

A revelação do uso irregular de doses de diferentes laboratórios foi apontada pelo ministro da saúde, Marcelo Queiroga, durante entrevista coletiva na tarde de hoje.

De acordo com um gráfico exibido durante a apresentação da pasta (veja abaixo), foram aplicadas mais de 26 mil doses de vacinas que não foram autorizadas para adolescentes no Brasil. Dessas, 6.921 teriam sido apenas no estado do São Paulo, sendo: 2.356 da AstraZeneca, 4.464 da CoronaVac e 92 da Janssen.

Segundo Ministério, mais de 26 mil doses de vacinas que não estão autorizadas para adolescentes foram aplicadas - Reprodução/Ministério da Saúde - Reprodução/Ministério da Saúde
Segundo Ministério, mais de 26 mil doses de vacinas que não estão autorizadas para adolescentes foram aplicadas
Imagem: Reprodução/Ministério da Saúde

Também foram registrados nove casos de jovens que tomaram três doses da vacina, que estão sendo investigados pela pasta.

Gorinchteyn declarou à CNN Brasil que a partir da informação, o governo abriu uma investigação após reunião na tarde de hoje e ressaltou que essa ação não está entre as diretrizes repassadas aos municípios para a aplicação no grupo.

"Não é essa orientação que nos passamos para os nossos municípios. O PEI [Plano Estadual de Imunização] só é um sucesso pela ação dos municípios. Agora achar que nos temos mais de 1.500 indivíduos que receberam vacinação inadvertida, eu confesso que acho um pouco estranho. Mas nos temos que fazer todo o nosso gerenciamento, auditoria, para checar se isso aconteceu. Se isso aconteceu, aconteceu em um número bastante diminuto, se aconteceu. Mas nos estaremos investigando."

O secretário de Saúde explicou que é necessário a obtenção de dados oficiais para que se faça uma avaliação se o apontamento do Ministério da Saúde é "uma verdade ou não". Gorinchteyn apontou a possibilidade da declaração ser uma inverdade como "muito grande".

"Nós vamos nos antecipar, já tivemos uma reunião para iniciar essas diligências, essas investigações, para nós podermos avaliar se isso é uma verdade ou não. Já de antemão digo que a chance de isso ser uma inverdade é muito grande. (...) O que eu estou dizendo é que nós não temos essa informação e teríamos que avaliar. Isso que nós temos que ter de forma bastante robusta e sustentada. É isso que nós estamos fazendo para que nós não estejamos sendo levianos, nem de um lado, nem do outro", destacou.

Ministério suspende vacinação em adolescentes

Ontem à noite, a pasta suspendeu a vacinação para adolescentes sem comorbidades. Alguns estados já estavam aplicando o imunizante nessa população, enquanto outros previam começar hoje.

A nova orientação prevê que a vacina só seja aplicada em pessoas entre 12 e 17 anos que tenham "deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade".

A decisão estaria embasada nas orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) de não recomendar a imunização desse grupo, pelo número baixo de casos graves e pelos poucos estudos sobre a vacinação nessa faixa etária.

A nota também cita que houve redução na média móvel de casos e mortes por covid, o que torna o cenário epidemiológico menos perigoso para os adolescentes sem comorbidades.

O anúncio da suspensão ocorre em meio a falta de estoque de certas vacinas em alguns pontos do Brasil, como São Paulo, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, até então, era favorável à vacinação de adolescentes e havia previsto o início da imunização para todos os jovens assim que os adultos tivessem a primeira dose.

A prefeitura de São Paulo e do Rio disseram que vão manter a vacinação de adolescentes sem comorbidades, apesar da recomendação do ministério.

Na noite de hoje, a Anvisa declarou que até o momento "não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações nas condições aprovadas para a vacina" da Pfizer mesmo após a morte de uma adolescente moradora de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. A jovem teria recebido o imunizante dias antes do óbito.

Outros países aplicam a vacina contra covid-19 em adolescentes, como os Estados Unidos, Chile, Israel, França e outros.