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Saúde cita morte em investigação ao falar sobre vacinação de adolescentes

O ministro Marcelo Queiroga concede entrevista coletiva - Reprodução
O ministro Marcelo Queiroga concede entrevista coletiva Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

16/09/2021 16h56

O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, citou hoje durante entrevista coletiva a morte de uma jovem em São Paulo ao falar sobre a suspensão da vacinação contra covid-19 em adolescentes. O caso foi anunciado hoje e ainda se investiga se há relação com a imunização.

O Ministério anunciou que mais de 3,5 milhões de adolescentes em todo o país já foram vacinados, e que houve cerca de 1.500 eventos adversos. A expressão é usada para tratar de todos os efeitos após a vacinação que não estão previstos na bula.

Segundo Medeiros, a maioria desses casos foram leves, mas ele citou a morte da adolescente paulista como um motivo para monitorar a imunização dessa faixa etária. "A gente tem monitorado os casos, nosso papel como Vigilância em Saúde é estar atentos. A maioria é de eventos adversos leves, mas tiveram ainda (sic) um paciente adolescente do estado de São Paulo que teve uma morte temporalmente associada. Estamos investigando o caso de óbito, [...] não sabemos ainda se tinha outras comorbidades", disse.

"Quando temos um evento adverso grave, precisa de uma investigação clínica laboratorial detalhada para verificar [...], mas é um exemplo de situação, de coisas que precisa estar acompanhando", continuou.

Ontem à noite, a pasta suspendeu a vacinação para adolescentes sem comorbidades. Alguns estados já estavam aplicando o imunizante nessa população, enquanto outros previam começar hoje. A nova orientação prevê que a vacina só seja aplicada em pessoas entre 12 e 17 anos que tenham "deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade".

Decisão do Ministério é contestada

Especialistas criticaram a decisão do Ministério. Para a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Margareth Dalcomo, a suspensão é "inoportuna" e gera "insegurança, tumulto e medo".

O epidemiologista Pedro Hallal classificou a interupção como "100% errada". "Até quando vão tratar a pandemia com uma abordagem clínica, e não coletiva? É verdade que a maioria dos adolescentes não terá caso grave, mas quanto mais gente vacinada, mais difícil pro vírus circular", escreveu Hallal em sua conta no Twitter.

As principais entidades representativas dos secretários de saúde cobraram da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) uma posição oficial sobre a decisão da pasta. O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) disseram ter encaminhado um ofício na manhã de hoje ao diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres.

A prefeitura de São Paulo e do Rio disseram que vão manter a vacinação de adolescentes sem comorbidades, apesar da recomendação do ministério.

Outros países aplicam a vacina contra covid-19 em adolescentes, como os Estados Unidos, Chile, Israel, França e outros.

Evento adverso da Coronavac

Em novembro passado, os testes da Coronavac foram suspensos após a morte de um voluntário. O fato chegou a ser comemorado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que chegou a postar nas redes sociais que havia ganhado do governador paulista João Doria (PSDB), com quem tem atritos.

Pouco depois, foi constatado que se tratava de um suicídio, sem relação com o imunizante.

CVV

Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valorização da Vida) e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente.