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Cremesp diz que investiga denúncias envolvendo a Prevent Senior com 'rigor'

A Prevent Senior já é alvo de investigações no Ministério Público, na Polícia Civil e na CPI da Covid - Divulgação
A Prevent Senior já é alvo de investigações no Ministério Público, na Polícia Civil e na CPI da Covid Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

29/09/2021 07h35

O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) afirmou, em nota divulgada ontem, que segue investigando, "com o necessário rigor", as denúncias envolvendo a operadora de saúde Prevent Senior.

A advogada Bruna Morato, representante do grupo de 12 médicos que denunciou o plano de saúde, compareceu ontem à CPI da Covid e disse que os profissionais de saúde eram orientados a trabalhar mesmo após testar positivo para covid-19 e que "inúmeros profissionais foram coagidos" por se recusarem a seguir o protocolo da Prevent Senior, que indicava medicamentos sem eficácia comprovada aos pacientes.

Ela também relatou que diretores da operadora de saúde se aproximaram do chamado gabinete paralelo para uma estratégia de defesa do medicamento hidroxicloroquina contra a covid-19.

"O Cremesp está ciente dessas graves acusações e, na estrita fiscalização da profissão médica, em benefício da sociedade, instaurou procedimentos para apuração dos fatos e delimitação das responsabilidades", diz um trecho da nota.

"Foram levadas ao conhecimento de diversos entes de fiscalização denúncias envolvendo prescrições de medicamentos sem comprovação científica para o tratamento de covid-19, suspeitas de fraudes em atestados de óbito, possíveis falsificações de prontuários médicos com mudanças da Classificação Internacional de Doenças (CID) e envio de kit de medicamentos, de maneira compulsória, a serem administrados aos conveniados, sem autorização da família e/ou prescrição médica, além da suposta imposição aos médicos do cumprimento de protocolos institucionais", acrescenta o conselho.

"Este Conselho seguirá colaborando com as autoridades competentes para todos os esclarecimentos necessários e a plena elucidação das denúncias."

Denúncias contra a Prevent Senior

A Prevent Senior, que já é alvo de investigações no Ministério Público, na Polícia Civil e na CPI da Covid, é acusada de supostamente pressionar seus médicos conveniados a tratar pacientes com substâncias do "kit covid", como hidroxicloroquina, que não tem eficácia comprovada contra a covid-19.

A empresa também é suspeita de ter conduzido um estudo sobre a hidroxicloroquina no tratamento da doença sem avisar pacientes nem seus parentes. Tal estudo teria omitido mortes de pacientes, influenciando o resultado para dar a impressão de que o medicamento seria eficaz.

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mario Sarrubbo, criou uma espécie de força-tarefa para investigar as denúncias contra a operadora.

Diante das acusações, a empresa vem argumentando que não havia orientação direta para uso da hidroxicloroquina ou cloroquina porque os médicos são livres para prescrever o medicamento que julgarem mais adequado para cada paciente. A empresa também nega que tenha adulterado qualquer estudo clínico.

Há suspeita de que pacientes que morreram em decorrência da covid tiveram seus atestados de óbito emitidos sem referência à doença causada pelo coronavírus, como Regina Hang, mãe do empresário Luciano Hang, dono da rede varejista Havan e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele será ouvido hoje pela CPI.

Procurada ontem pelo UOL, a Prevent Senior afirmou que o depoimento da advogada à CPI "confirma que se tratam de acusações infundadas, que têm como base mensagens truncadas ou editadas vazadas à imprensa e serão desmontadas ao longo das investigações". Disse ainda que "estranha o fato" de ela manter os autores das acusações sob anonimato e que não teve acesso aos autos da CPI para fazer sua ampla defesa.