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Ministro da Saúde que usa remédio sem eficácia é charlatão, diz sanitarista

Colaboração para o UOL

01/10/2021 10h38

Em entrevista ao UOL News hoje, o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto disse que ministro da Saúde que faz uso de remédio sem eficácia científica comprovada é "charlatão". A crítica do profissional de saúde foi feita após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) indicar, durante live realizada ontem à noite, que o atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga, tem feito uso do "kit covid" para tratar a covid-19.

Para Vecina Neto, Marcelo Queiroga precisa vir a público para "explicar muitas coisas" e uma delas é se tem feito uso de medicamentos já descartados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) no tratamento do coronavírus. Segundo o sanitarista, ter um ministro da Saúde "charlatão é pior que um presidente charlatão".

"Queiroga tem que vir a público explicar muita coisa, se ele usou ou não 'kit covid' é uma delas, porque certamente o ministro da saúde que toma um produto que pode ter efeitos colaterais graves e não tem eficácia comprovada, está fazendo charlatanismo. Quer dizer, ter um ministro da saúde charlatão deve ser muito mais grave do que ter um presidente charlatão, afinal o presidente não é médico, o Queiroga é", declarou, ressaltando que "talvez" o ministro "tenha o diploma cassado pelas barbaridades que está fazendo no ministério da Saúde".

Bolsonaro indica que Queiroga fez tratamento ineficaz

Marcelo Queiroga foi diagnosticado com coronavírus na semana passada durante viagem para Nova York, nos Estados Unidos, ao lado do presidente Jair Bolsonaro para participar da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Além dele, pelo menos outras três pessoas que participaram da comitiva presidencial também foram infectados pela doença, dentre os quais o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

Como descobriu o diagnóstico nos EUA, Queiroga foi impossibilitado de voltar ao Brasil e cumpre quarentena obrigatória em Nova York. Ontem, durante uma live nas redes sociais, Bolsonaro indicou que o ministro pode ter feito uso de medicamento ineficaz contra a doença, além de, mais uma vez, questionar a eficácia das vacinas.

"Quero que a imprensa, quando Queiroga voltar ao Brasil... Vocês não vão ter coragem de perguntar, mas vai ter repórter que vai. Senhor Marcelo Queiroga, o senhor está vacinado com as duas doses, é um homem que nunca foi visto sem máscara no Brasil e contraiu o vírus. Ninguém quer dizer que a vacina não serve para nada. Pergunte para ele, se ele fez algum tratamento inicial nos EUA", disse o presidente.

Procurado pelo UOL, o Ministério da Saúde informou apenas que Queiroga "tomou as medicações prescritas pelo médico", sem especificar quais. Também afirmou que o ministro passa bem e está há mais de uma sem apresentar sintomas da covid-19, tendo realizado hoje um novo teste. O resultado deve sair "nos próximos dias", ainda de acordo com a pasta.

Na live da semana passada, Bolsonaro já havia usado o caso de Queiroga para lançar desconfiança de forma infundada sobre as vacinas contra a covid-19. Todos os imunizantes que estão sendo aplicados no Brasil são seguros, eficazes e aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Ainda não existe tratamento comprovadamente eficaz para a fase inicial da covid-19. A mentira é recorrente em declarações de Bolsonaro.

A melhor forma de combater o vírus é por meio da vacinação — que, embora não impeça o indivíduo de contrair e transmitir a doença, reduz as chances de hospitalização e morte. Por isso, é necessário manter medidas de isolamento social, o uso de máscaras e a higienização constante das mãos.