Covid: Alvo de CPI, Prevent é 4ª em mortes de idosos na rede privada em SP
De cada 100 pessoas com 80 anos ou mais que se internaram em estado grave em hospitais da Prevent Senior com covid-19 na cidade de São Paulo, 49 morreram, segundo dados do Ministério da Saúde.
É o quarto pior índice entre os 25 hospitais ou redes privadas na capital paulista que atenderam pelo menos 250 casos graves da doença em pacientes com mais de 80 anos.
As informações são do banco de dados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), abastecido com informações enviadas por unidades de saúde de todo país desde o início da pandemia e atualizadas até setembro deste ano. A Prevent é conhecida por oferecer planos voltados para o atendimento de idosos.
Apresentaram números maiores que o da Prevent Senior o hospital Igesp (62 mortes para cada 100), Santa Marcelina (58) e Notredame Intermédica (53).
Ficaram abaixo desse índice as unidades do grupo São Luiz (42 mortes para cada 100 internações graves), Nove de Julho (41), Beneficência Portuguesa (35), Albert Einstein (34) e Sírio-Libanês (26).
Por meio de nota, a Prevent informou haver inconsistências no banco de dados do Ministério da Saúde. A empresa informou ter identificado uma taxa de 44 mortes para cada 100 internados com covid-19, com 80 anos ou mais, nos hospitais da rede.
A empresa tornou-se alvo da CPI da Pandemia depois que ex-médicos da rede denunciaram o uso não autorizado de tratamentos ineficazes contra a covid-19 em pacientes, a ocultação de mortes em pesquisas sobre a hidroxicloroquina e a adulteração de atestados de óbito.
Descobriu-se que muitos dos pacientes internados nos hospitais da rede foram tratados com o chamado "kit covid" sem saber. Outra acusação dos ex-empregados dizia que, em caso de morte, a declaração de óbito emitida pelo hospital não listava a covid-19 como causa principal ou secundária.
A empresa nega as acusações e se diz perseguida por ex-funcionários que teriam ficado insatisfeitos por terem sido desligados da empresa.
Prevent atendeu mais pacientes
Em números absolutos, a Prevent teve mais atendimentos do que as empresas que lideram o ranking de mortalidade. Foram 4.346 internações na faixa dos 80 anos ou mais quando há diagnóstico confirmado desde o início da pandemia. No Igesp, foram 387 internações, enquanto houve 455 no Santa Marcelina e 549 no grupo Notredame.
Médicos ouvidos pelo UOL e que pediram anonimato disseram que os dados da Prevent devem ser vistos com algum ceticismo, diante das acusações de subnotificação de mortes por covid-19 na rede.
Uma regra do Ministério da Saúde em vigor de 2007 obriga hospitais a terem comissões de revisão de óbitos para checar práticas e metodologias aplicadas na confecção dos atestados. O Conselho Federal de Medicina faz recomendação semelhante.
Notredame diz ter feito "todos os esforços possíveis"
Por meio de nota, o grupo Notredame informou ter empreendido desde o início da pandemia "todos os esforços possíveis e as melhores práticas médicas e protocolos científicos disponíveis no combate à covid-19".
A empresa disse não ter tido a oportunidade de analisar os números relatados pela reportagem, mas ponderou que "a análise crítica de dados dessa natureza deve levar em consideração outros importantes componentes".
Entre os fatores citados estão "o risco, prognósticos, assim como comorbidades da massa analisada, comportamento populacional de cada região e protocolos de distanciamento social".
Igesp diz que números estão desatualizados
O Igesp disse ter identificado em seus registros internos números diferentes dos que constam na base do Ministério da Saúde.
"Ainda não foram imputadas na plataforma todas as fichas de notificação de pacientes internados. Nós temos registros retroativos que ainda estão sendo lançados, o que justifica a diferença dos números, tanto de internados quanto de óbitos", informou a assessoria do Igesp.
De acordo com o hospital, seus dados internos apontam uma taxa de letalidade de 33%.
O Hospital Santa Marcelina não respondeu até a publicação da reportagem. A nota será incluída assim que enviada.
Idosos da rede pública morrem mais
Conforme mostrou o UOL, pessoas com 80 anos ou mais que se internaram na rede pública da capital paulista com covid-19 grave tiveram menos chance de sobreviver do que aquelas que buscaram atendimento privado, de acordo com números oficiais do Ministério da Saúde.
Segundo essa base, a cada 100 pessoas dessa faixa etária que se internaram nas unidades estaduais e municipais de saúde da capital, 58 morreram, em média. Nas unidades privadas este número foi de 46.
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