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Nomeado para chefiar PNI, médico diz ter descoberto que não tomará posse

"Vim [a Brasília] para ver se tinha posse e foi dito que eu não teria posse", disse Ricardo Gurgel ao Globo - Schirlene Reis/Ascom UFS
"Vim [a Brasília] para ver se tinha posse e foi dito que eu não teria posse", disse Ricardo Gurgel ao Globo Imagem: Schirlene Reis/Ascom UFS

Do UOL, em São Paulo

28/10/2021 21h35Atualizada em 29/10/2021 13h00

O pediatra Ricardo Queiroz Gurgel, professor da UFS (Universidade Federal de Sergipe), disse ter sido informado hoje que não tomará posse como coordenador do PNI (Programa Nacional de Imunizações), responsável pelas campanhas de vacinação no Brasil. Ele foi escolhido pelo próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e sua nomeação chegou a ser publicada no Diário Oficial da União no início deste mês.

Gurgel contou ao jornal O Globo que foi a Brasília por conta própria, já que, desde que foi anunciado, ninguém entrou em contato para informar sobre quando seria a posse. Ele chegou à capital ontem à noite e foi ao Ministério da Saúde nesta manhã. Foi aí que Gerson Fernando Pereira, da Secretaria de Vigilância em Saúde, disse ao pediatra que ele não assumiria o cargo, sem dar detalhes.

"Eu vim para ver se tinha posse e foi dito que eu não teria posse. Estava esgotando o tempo da nomeação, que são 30 dias. Como não tinha sido chamado, apesar de ter feito o contato, decidi vir. Preciso dar um encaminhamento para minha vida", explicou Gurgel ao Globo.

A informação também foi divulgada por O Estado de S. Paulo e CNN Brasil.

Eu quero voltar para o meu trabalho. Eu quero que o PNI seja resgatado para o que ele sempre foi. É um patrimônio brasileiro e precisa ser resgatado. Tem pessoas muita boas lá que precisam de apoio para trabalhar.
Ricardo Gurgel, ao Globo

Procurado pelo UOL sobre o assunto, o Ministério da Saúde se limitou a dizer que "a servidora Greice Ikeda atua como coordenadora geral substituta do Programa Nacional de Imunização (PNI), conforme publicado no Diário Oficial da União."

Formado em medicina pela UFS em 1981, Gurgel é mestre e doutor em saúde da criança e do adolescente pela USP (Universidade de São Paulo). Ele também coordena um estudo clínico do Instituto Butantan que avalia a aplicação da vacina tetravalente contra a dengue, segundo informa seu currículo na plataforma Lattes.

Nomeado em 6 de outubro, o pediatra substituiria Francieli Fantinato, que deixou o cargo em 7 de julho. Um dia depois de pedir exoneração, Fantinato disse à CPI da Covid que a campanha de vacinação contra o coronavírus sofreu com a falta de doses e a ausência de uma campanha publicitária efetiva. (Assista abaixo)

Vacinação de adolescentes

No dia de sua nomeação, também ao jornal O Globo, Ricardo Gurgel disse que sua principal missão à frente do PNI seria aumentar a cobertura vacinal de várias doenças no Brasil, como sarampo, coqueluche, tétano e difteria. Ele ainda defendeu a vacinação de adolescentes contra a covid-19, garantindo que não há conflitos sobre isso no Ministério da Saúde.

O tema foi centro de debates após a pasta orientar a suspensão da imunização para este público. A decisão foi muito criticada por especialistas, governadores e prefeitos, e o governo acabou voltando atrás, passando a recomendar novamente a vacinação de adolescentes de 12 e 17 anos sem comorbidades.

"Eu faço parte do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria e nós soltamos uma nota recomendando a vacinação [de adolescentes]. O ministério já recomenda que seja feito. Então, isso não é problema. Não tem nenhum conflito em relação a isso", afirmou, à época.